Lembranças. Comecei a trabalhar em São Paulo no final da década de 1970, mas ainda morava em Santos. Subia e descia a serra todos os dias de ônibus. No trabalho, havia carro para o transporte dos jornalistas, o que era fundamental para quem como eu não conhecia a cidade que me parecia muito normal. Até o primeiro final de ano. Dezembro. Não lembro de detalhes. Um dia de meio expediente. Sábado? Sei lá. Fui fazer uma entrevista com um médico em um hospital e, na saída, pretendia pegar um táxi até a estação São Bento (a da Sé foi inaugurada em 1978), mas desaconselharam: o ônibus para o Parque D. Pedro seria mais rápido e passava em frente ao hospital. O terminal D. Pedro era um caos e lá pedi informações que me levaram à rua General Carneiro, onde me deparei com uma cena de tirar o fôlego, inesquecível pelo impacto que me causou. Ali, no início da ladeira eu vi uma multidão compacta descendo em direção minha direção. Na verdade, em direção ao terminal de ônibus. Não havia espaço entre as pessoas. Fiquei parada, observando e pensando como eu, simples mortal, faria para transpor aquele mar de gente... Naquele momento, percebi que eu estava em uma cidade em que as proporções escapavam à percepção da “estrangeira”. Ontem, 1º de dezembro, passando pelo viaduto da rua Boa Vista sobre a rua General Carneiro praticamente vazia, lembrei-me daquele dia que se perdeu no tempo. Ao meu lado uma senhora pedia informações a um homem para ir até a Vinte e Cinco de Março; ele se ofereceu para acompanhá-la e eu segui meu caminho.
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