domingo, 31 de dezembro de 2023

FELIZ ANO NOVO!

A TODOS MEUS VOTOS DE UM ÓTIMO ANO NOVO.  

Infelizmente, continuamos muito distantes de um mundo em que todos vivam em paz como imaginou John Lennon há mais de meio século. É... Ele era um sonhador.




O nosso Ano Novo é uma nova volta da Terra em torno do Sol, aquele movimento que nossos professores nos ensinaram que se chama translação – uma viagem que dura 365 dias – em 2024 serão 366 porque é bissexto e acontece a cada quatro anos. Pensava eu com meus botões que 2024 é um número bem enganoso – o nosso planeta tem 4,54 bilhões de anos e os ancestrais do bicho homem (os hominídeos) estão por aqui há 3,5 – 4 milhões de anos. Os judeus estão no ano 5784, enquanto os chineses, de acordo com o seu calendário, entrarão no ano 4721. O ano 2024 refere-se à era cristã, convenção adotada no século XVI, quando a igreja católica promoveu a reforma do calendário juliano (romano) e implantou o gregoriano, adotado pela maioria dos países ocidentais. E lá vamos nós girando, rodando pelo espaço em nossa casa que aos poucos vamos destruindo... Precisamos reformá-la rapidamente.

 







sábado, 30 de dezembro de 2023

ADEUS, ANO VELHO!

Que tal terminar o ano com aquela valsinha de David Nasser (1917-1980) e Francisco Alves (1898-1952), que poderia vir junto com a folhinha – caso ainda existissem folhinhas por aí. Para os mais novos, informo que folhinha era o nome de calendários populares com o nome da empresa e alguma gravura bonitinha; na parte inferior eram coladas 365 folhinhas – uma para cada dia do ano e, no verso, o santo correspondente ou uma frase construtiva de algum famoso da época, além das fases da lua.

 Até meados do século passado as folhinhas eram distribuídas por comerciantes aos consumidores fiéis. Calendários mais sofisticados tinham doze páginas (uma para cada mês) ou seis (dois meses em cada página) em papel de qualidade e ilustrações coloridas. Empresas como a Pirelli tinham belíssimos calendários, disputados pelos fornecedores e amigos.

Como tudo neste mundo tem quase sempre um lado malicioso, havia os calendários com fotos de mulheres bonitas, com pouca ou nenhuma roupa como ilustração. Em 1941, durante a guerra eram distribuídos para os soldados que recortavam as fotos e as penduravam nos armários (pin up). Muitas estrelas de Hollywood começaram a carreira de sucesso posando para esses calendários.   


O pintor e ilustrador americano Duane Bryers (1911-2012) em 1956 criou uma pin up fora dos padrões convencionais da época e que se tornou um personagem de grande sucesso: Hilda (acima), uma pin up gordinha e divertida. 

            Voltando à valsinha: “Adeus, ano Velho” foi gravada em 1951 por João Dias (1927-1996).

Adeus, ano velho
Feliz ano novo
Que tudo se realize
No ano que vai nascer
Muito dinheiro no bolso
Saúde pra dar e vender.

Para os solteiros, sorte no amor
Nenhuma esperança perdida
Para os casados, nenhuma briga
Paz e sossego na vida.



sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

FIM DE NOITE

 

Semana passada à noite, na avenida Paulista, ao sair da estação do metrô vi, caminhando tranquilamente à minha frente, uma pessoa vestida com uma malha justa no corpo e um capuz – tudo vermelho. Era um rapaz jovem por causa do corpo perfeito, andar felino e elegante. Caminhava sem pressa, passando pelos pedestres indiferentes à esdrúxula figura. Confesso que levei algum tempo para matar a charada: tratava-se do Homem Aranha! São Paulo é fascinante! Ninguém virou o pescoço para olhar o Homem Aranha, que sumiu na rua Padre João Manuel. Enquanto esperava o ônibus (que demorou uma hora), gastei uns minutos pensando no motivo que levaria uma pessoa a se fantasiar de Homem Aranha. Era fã do herói? Do inseto? Ia a um baile à fantasia? Ou perdera alguma aposta?

Logo eu estava observando outras pessoas interessantes, como o jovem pai com o filho de uns oito anos conversando – o menino tomava um sorvete, mas logo iniciou algumas corridas em torno do ponto de ônibus; cuidadoso, o pai se levantou do banco para acompanhar o arteiro, que resolveu contar as lajotas da calçada, mostrando que sabia contar muito bem até 15, mas depois as coisas se complicaram um pouco. Eu me distraí e não vi em que ônibus embarcaram. (Nem sinal do meu.)

Acho que o motivo da distração foi o Shopping Center 3. Lembrei do incêndio – faz tanto tempo! O fogo destruiu os prédios da CESP – Companhia Energética de São Paulo, um deles cuja torre ruiu foi implodido... (Nada do ônibus!) Vejo um reflexo nos vidros do prédio à frente e tento adivinhar o que seja – deve ser o relógio do Conjunto Nacional.

O jeito é observar as vitrines do entorno, depois pergunto a uma moça que parece inquieta se ela espera o ônibus 805, não, ela aguarda o Santo Amaro; outra garota diz que também espera o 805 e ele demora muito – como se eu não soubesse! Quase uma hora no ponto e surge o Aeroporto, que até então não dera também o ar da graça. Até que enfim surge o esperado e embarcamos. Pelas janelas vão passando os arranjos natalinos da avenida famosa, mas surpreendente mesmo foi ver o desfile da betoneira gigantesca, toda revestida de luzes e enfeites, com um sistema de som!!!  




segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

QUEBRA-NOZES

 “O Quebra-nozes e o rei dos Camundongos” é um conto infantil de natal do escritor alemão Theodor Amadeus Hoffman (1776-1822) e publicado em 1816, mas com o passar dos anos sofreu várias alterações por outros autores. O compositor russo Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893) compôs o balé, que estreou em São Petersburgo em dezembro de 1892. A trama envolve uma menina, Clara, e um boneco quebra-nozes com aparência humana que, num sonho dela, vence um exército de ratos e a leva até o Reino das Neves, onde ele a apresenta à Fada Açucarada. 


https://www.youtube.com/watch?v=RusC5iqkXMo 



domingo, 24 de dezembro de 2023

FRUTAS NATALINAS

 

Na minha infância, nozes, amêndoas, avelãs e castanhas faziam parte da mesa natalina. Minhas preferidas são as castanhas. Como sou um bicho urbano cresci sem me preocupar da origem dos alimentos até que um dia lendo Monteiro Lobato um personagem, não lembro mais qual – talvez Dona Benta, dizia às crianças que as azeitonas, frutos das oliveiras, não nasciam do jeito que eram servidas à mesa. Que surpresa! Assim, descobri a salmoura! Passei grande parte da vida saboreando castanhas portuguesas e nunca me preocupei em saber mais sobre o fruto até que um dia, ao sair do Jardim Botânico de Madri, onde fora ver uma exposição sobre arte e tecnologia, algo caiu na minha cabeça. Olhei para o chão e lá estava ela – foi a primeira vez que via a castanha em seu habitat.  

Hoje ao olhar as nozes lembrei-me da minha ignorância sobre o fruto e fui pesquisar (viva o Google), aproveitando para incluir avelãs. Fique, pois sabendo, que as nogueiras podem viver até 300 anos. São árvores altas que atingem até 25m de altura, se dão bem no frio; a florada começa na primavera do Hemisfério Norte (abril/maio), entre maior e junho surge o fruto carnudo e de cor verde que vai escurecendo e se desfaz, liberando a noz por volta de setembro e outubro, quando é feita a colheita. O nome científico Juglans regia é uma referência a Júpiter, rei dos deuses da mitologia romana.

A árvore pode ter função ornamental; o setor industrial descobriu que o fruto fica ótimo se misturado ao chocolate; folhas, casca e frutos têm propriedades adstringentes e anti-inflamatórias, sem contar que o óleo é usado em cosméticos. Estas são apenas algumas propriedades da aveleira, árvore cultivada na Europa e na Ásia Central. A floração ocorre no inverno, entre dezembro e março e a colheita, no outono.

O trio avelãs, castanhas e nozes é herança portuguesa, com certeza.

Nozes.

Castanhas.





sábado, 23 de dezembro de 2023

TRADIÇÕES E DESUSOS

Uma das definições para tradição é “conjunto de ideias e valores culturais, morais e espirituais transmitido de geração em geração”. Para começar não sou saudosista e aprecio muito as novidades tecnológicas. Nessa época do ano repleta de tradições, percebe-se que muitas estão desaparecendo tanto pela inclusão cada vez maior da mulher no mundo do trabalho quanto pelas novas tecnologias, mas especialmente, porque o Natal se tornou uma festa comercial – é a principal data para o comércio brasileiro, pois movimenta praticamente todos os setores da economia (brinquedos, vestuário, alimentos, eletrônicos etc.).

Até meados do século passado, apenas as crianças recebiam presentes e, numa sociedade cada vez mais consumista, as pessoas são compelidas a comprar presentes para família, amigos e agregados. Os brinquedos de antigamente estão fora de moda – constatei o fato quando participei do programa “Papai Noel dos Correios” em que a maioria dos pedidos das crianças era de coisas digitais cuja existência eu ignorava.   

Os cartões de Natal sumiram (assim como a maioria das papelarias onde eram vendidos), contudo os digitais são muito bonitos e ainda incluem música. Os fornecedores costumavam agradar os clientes com calendários (folhinhas) ou alguma coisa simples do estoque. Atualmente, nem boas festas desejam. Tudo impessoal – autoatendimento substitui funcionários. Quem pode encomenda a ceia e muita gente a descarta da programação; há quem troque por uma viagem ou, simplesmente, mantém a rotina. Ir à missa do galo não é mais preciso porque a televisão transmite.

Já li em muitas publicações que nesta época faz parte da tradição assistir ao balé “Quebra-nozes”, de Tchaikovsky – há várias versões disponíveis no YouTube. Outra tradição é o filme “A Felicidade não se compra” (1946), vencedor do Globo de Ouro daquele ano. Dirigido por Frank Capra (1897-1991), um dos mais conceituados diretores de cinema e vencedor de três Oscar, o filme é estrelado por James Stewart e Donna Reed. Eu assisti e detesto – um dos motivos é a manipulação a que o personagem principal sofre para desistir de seus planos pessoais.

Enfim, são apenas reminiscências. Voltar no tempo? Nem pensar. Cada época tem seus encantos e desencantos. As novas gerações terão suas lembranças e criarão novas tradições. 



https://www.youtube.com/watch?v=8JtA03KfKas



sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

ANIVERSÁRIO DE PAPAI NOEL

 


São Nicolau (?350) foi um bispo que nasceu em Patara, atual Turquia, famoso pela preocupação com as crianças e, talvez por isso, o professor de Literatura Grega e Oriental Clement Clarke Moore (1779 –1863) o tenha escolhido para o poema “Visita de S. Nicolau” que escreveu para seus seis filhos. Em dezembro de 1823 o poema foi publicado em um jornal novaiorquino e fez um grande sucesso, dando origem à lenda de S. Nicolau/Papai Noel. A imagem do bom velhinho só foi criada em 1863 pelo cartunista Thomas Nast (1840-1916) para a capa do jornal Harper’s Weekly. O personagem mudou muito no decorrer dos anos e a famosa roupa vermelha e branca, por exemplo, foi adotada em 1931, quando a Coca-Cola usou Papai Noel em sua campanha publicitária. Pode-se dizer, portanto, que Papai Noel está fazendo 200 anos. 

UMA VISITA DE SÃO NICOLAU

Era véspera de Natal e nada na casa se movia,
Nenhuma criatura, nem mesmo um camundongo;
As meias com cuidado foram penduradas na lareira,
Na esperança de que São Nicolau logo chegasse;
As crianças aconchegadas, quentinhas em suas fronhas,
Enquanto rosquinhas de natal dançavam em seus sonhos;
Mamãe com seu lenço e eu com meu gorro,
Há pouco acomodados para uma longa soneca de inverno;
Quando no jardim começou uma barulhada,
Eu pulei da cama para ver o que estava acontecendo.
Para fora da janela como um raio eu voei,
Abri as persianas e subi pela cortina.
A lua no colo da recém caída neve,
Dava um lustro de meio-dia em tudo em que tocava,
Quando, para meus olhos curiosos, o que apareceu:
Um trenó miniatura, e oitos renas pequenininhas,
Com um motorista velhinho, tão alerta e muito ágil,
E eu soube, na mesma hora, que era São Nicolau.
Mais rápido que uma águia vinha pelo caminho,
E assobiava e gritava e as chamava pelo nome;
“Agora, Corredora! Agora, Dançarina! Agora, Empinadora e Raposa!
Venha, Cometa! Venha, Cupido! Venham, Trovão e Relâmpago!
Por cima da sacada! Para o topo do telhado!
Agora fora, depressa!
Fora todos, bem depressa!”
Como folhas revoltas antes do furacão,
Sem encontrar obstáculos, voaram para o céu,
Tão alto, acima do telhado voaram,
O trenó cheio de brinquedos e São Nicolau nele também.
E então num piscar de olhos, ouvi no telhado
O toque-toque e o arrastar dos casquinhos.
Como um desenho em minha cabeça, assim que virei
Descendo a chaminé São Nicolau vinha resoluto
Todo vestido de peles, da cabeça até os pés,
E com a roupa toda manchada de cinzas e carvão;
Um saco de brinquedos em suas costas,
Parecia um mascate ao abrir o saco.
Seus olhos – como brilhavam!
Suas alegres covinhas!
Suas bochechas rosa, seu nariz como uma cereja!
Sua boquinha sapeca curvada para cima como num arco,
A barba em seu queixo tão branca como a neve;
O cabo do cachimbo bem preso em seus dentes,
A fumaça envolvendo sua cabeça como uma guirlanda;
Tinha um rosto redondo e uma barriga grande,
Que sacudia, quando ele sorria, como uma tigela de geleia.
Era gordinho e fofo, um perfeito elfo velhinho e alegre,
E eu ri quando o vi, sem poder evitar;
Uma piscada de olhos e um aceno de cabeça,
Na hora me fizeram entender que eu nada tinha a temer;
Não disse uma só palavra, mas voltou direto ao seu trabalho,
E recheou todas as meias; então virou no pé,
E colocando o dedo ao lado do nariz,
Acenando com a cabeça, a chaminé escalou;
Pulou em seu trenó, ao seu time assobiou,
E para longe voaram, como pétalas de dente-de-leão.
Mas ainda o ouvi exclamar, enquanto ele desaparecia
“Feliz Natal a todos e para todos uma Boa Noite!”

(Tradutor não identificado.)



quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

TEMPO DE VERÃO

Eis que o verão chegou! Sol, praia, areia, mar, sombra e água fresca... Música é essencial, principalmente, quando se trata de clássicos da principal festa nacional da estação: Carnaval. O grande Braguinha ou João de Barro compôs “Moreninha da Praia”. Gravada por Almirante em 1933. É dele também “Chiquita Bacana”, uma garota da pá virada lá da Martinica, A marchinha fez um enorme sucesso na voz de Emilinha Borba, no Carnaval de 1949.

Em tempos de mudanças climáticas, talvez cantar “Allah-la-ô ô ô ô ô! Mas que calor ô ô ô ô” seja mais adequado. Ou não. A composição de 1941 é de Alfredo Nássara e Haroldo Lobo gravada por Carlos Galhardo (1913-1985). 



https://www.youtube.com/watch?v=xwf49oxxecQ



DECORAÇÃO NATALINA

 

Como frequento o SESC Carmo estou sempre ali pelo centro e acompanho os acontecimentos por força do hábito. Foi assim que encontrei Papai Noel no Largo da Misericórdia, enquanto na esquina da Rua XV de Novembro com a Praça da Sé, Rudolph, vi a rena do bom velhinho, que aproveitava a folga – à noite ele fica todo iluminado. O Patriarca José Bonifácio parece perdido em meio aos enfeites luminosos (dizem que à noite parecem flutuar), colocados na Praça que o homenageia. Para combinar com os novos tempos – o mundo digital – a Prefeitura exibe a árvore tecnológica com projeções em LED – vi a do ano passado e, confesso, prefiro as tradicionais. Ontem, na hora do almoço, teve coral nas escadarias do Theatro Municipal. Planejando uma visita noturna antes do dia 25 para conferir.











quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

BOAS FESTAS

Recuperar. Readquirir. Reconquistar. Restaurar. É o que se vem tentando fazer na área da praça da Sé, ruas Direita, XV de Novembro, São Bento e Boa Vista, tomada por uma multidão de pessoas enlouquecidas pelas drogas, desajustadas e sem-teto ou sem trabalho. O cenário é desolador. Louvável a iniciativa de promover um Festival de Natal para trazer o público de volta à região, mas às vezes as boas intenções não funcionam bem. No cercado, o mundo da fantasia com Papai Noel e um rinque de patinação entre outras atrações; do outro lado, a realidade do mundo das drogas – um retrato assustador da miséria humana. Pelo que observo, a Praça da Sé é o ponto dos dependentes de droga. Um ambiente predominantemente masculino – raras são as mulheres circulando por lá. Elas costumam ficar nas ruas adjacentes em grupos com parceiros da desgraça. Imagino o trabalho difícil dos funcionários da assistência social, os diálogos, as histórias verdadeiras ou inventadas, as promessas de abstenção e o retorno dias depois. Para os sem-teto e desempregados ainda há esperança, se tanto o esforço do poder público como o do pretendente for real.

(Obs.: Na fila do almoço, há algumas pessoas que não vivem na rua.)

BOAS FESTAS

Anoiteceu, o sino gemeu
E a gente ficou feliz a rezar
Papai Noel, vê se você tem
A felicidade pra você me dar

Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Bem assim, felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel

Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem

Eu pensei que todo mundo
Fosse filho de Papai Noel
Bem assim, felicidade
Eu pensei que fosse uma
Brincadeira de papel

Já faz tempo que eu pedi
Mas o meu Papai Noel não vem
Com certeza já morreu
Ou então felicidade
É brinquedo que não tem

Anoiteceu, o sino gemeu
E a gente ficou feliz a rezar
Papai Noel, vê se você tem
A felicidade pra você me dar

Anoiteceu, o sino gemeu
E a gente ficou feliz a rezar
Papai Noel, vê se você tem
A felicidade pra você me dar

 *Assis Valente (1911-1958).


Papai Noel, a pista de patinação e outras atrações gratuitas até as 22 horas todos os dias.

Rua Direita decorada para o Festival de Natal.


Rua Direita.

Ali perto, na Praça Clóvis Beviláqua, a fila do almoço. 




segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

PRESÉPIOS MODERNOS

 

                                                    Adoração dos Magos, Albrecht Dürer (1471-1528).

Desde que me entendo por gente lembro-me que a cena do presépio se repetia tanto em igrejas como na casa das pessoas:  era sempre com a mãe e a criança acomodadas sobre a palha enquanto o pai vela a família na presença dos reis magos, que chegaram guiados pela estrela. Tempos atrás ao passar em frente à igreja da avenida Ana Costa (Santos) notei que faltava a criança no presépio; visitando uma igreja em São Paulo, percebi a ausência do menino e, curiosa, fui à sacristia, onde um funcionário me “explicou”, rispidamente, que Jesus nasceu em 25 de dezembro e, portanto, só nesse dia iria para a manjedoura. Entre aborrecida pelo mau tratamento e pasma com a novidade, me retirei. Teimosa, visitei outras igrejas e constatei a “inovação”. 

Estamos em uma época em que todos querem reescrever a história e as lendas de acordo com suas verdades. Não sei quem teve essa brilhante ideia de impor realidade a uma alegoria – nem estou interessada. Se a criança não nasceu, Maria está grávida e os reis Magos ainda nem se puseram a caminho para encontrar o menino, anunciado como “rei dos judeus”. Se é para levar tudo ao pé da letra, temos que mudar a cena toda, pois o casal estava a caminho da Judeia para o censo e só se abrigou no curral em Belém, quando Maria começou a sentir dores do parto. A criança já havia nascido, quando os reis magos, guiados por uma estrela, chegaram ao presépio. Minha proposta: como ninguém sabe quando Jesus nasceu, nem ano e muito menos dia e mês, que tal montar o presépio só no dia 25? Foi o papa Júlio I (280-352) que estabeleceu 25 de dezembro como nascimento de Cristo e o primeiro registro da celebração do Natal foi no ano 354 (século IV) e foi no Natal de 1223 que São Francisco de Assis teve a ideia de fazer uma representação da natividade numa gruta em Greccio (Itália), baseada nos Evangelhos.



domingo, 17 de dezembro de 2023

AR CONDICIONADO, POR FAVOR!

Segunda-feira em plena soalheira, ia para o ponto do ônibus quando vi a cena e, confesso, gostaria muito poder me juntar a eles, mas a cara de poucos amigos da moça não recomendava a ousadia. Nada como um ar condicionado para uma soneca. Eram três cachorros, mas, quando voltei para registrar a cena, um já tinha ido embora. Quem disse que bicho não sabe o que é bom? Eles são de um catador de papel que faz ponto ao lado da loja – a bandeira é dele. Lembrei da bicharada de uma grande amiga. Ela tem duas cachorras – Sumi e Pedrita, uma idosa e outra na meia idade, e um gato cego, Vinicius, muito sabido. As duas senhoritas adoram um ventilador. Uma delas, porém, assim que percebe que o ar condicionado foi ligado vai imediatamente usufruir do conforto. Quanto a Vinicius, o gato, só quer paz e sossego – come, dorme e vez por outra come um passarinho distraído (só não entendi como ele “vê” o passarinho).




sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

ANIVERSARIANTE DO DIA

 

Ele tinha um nome bonito – Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, e foi um dos poetas brasileiros que conheceu o sucesso, não apenas entre seus pares, mas conquistou com seu talento a alma popular.  Os modernistas foram dos poucos que ousaram discordar, mas a implicância não afetou o Bilac. Carioca da gema, nasceu em 16 de dezembro de 1865 e faleceu em 28 de dezembro de 1918 no Rio de Janeiro. Tentou fazer medicina, mas desistiu, matriculando-se em seguida na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo, mas desistiu também. Foi jornalista, conferencista e inspetor de ensino. É um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 15 cujo patrono é Gonçalves Dias. Foi eleito “Príncipe dos poetas” brasileiros em 1907 pela Revista Fon-Fon. Homenagem aos 158 anos de nascimento de Bilac.




LÍNGUA PORTUGUESA

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que, na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceanos largos!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

                                                                 (Tarde, 1919.)

SONETO XIII

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

 E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

                                                     (PoesiasVia Láctea, 1888.)

sábado, 9 de dezembro de 2023

DEZEMBRO E A PREGUIÇA

“Durante toda a minha infância e juventude, fui conhecido e apontado como modelo de preguiçoso; e, no entanto, sempre estava ocupado com meu próprio objetivo particular, que era aprender a escrever.”

“Uma revista Universitária”, Robert Louis Stevenson, in “O elogio do Ócio e outros ensaios”.



Estação Sé do metrô: escultura sem nome de Alfredo Ceschiatti. 



A água do chafariz

Busca a beleza

Reflete um triz.

“Hai-Kais” (1997), Millôr Fernandes.





Chafariz: Centro de Artesanato de Marraquexe. (Foto: Hilda Araújo, 2023.)

 



segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

BOBAGEM DO DIA

Ontem à noite a caminho da padaria, olhei para o céu a fim de observar estrelas, quando vi as luzinhas verdes e vermelhas muito suspeitas se movimentando a uns 30 metros do solo na esquina. Um OVNI? Lembrei-me logo de Mulder e Scully* e suas caçadas em florestas e lugares sombrios, mas na Aclimação? Será que os ETs desistiram da Califórnia? Adotaram miniaturas? Encolhem os humanos para levá-los? Pelas manobras desconfiei que o objeto estava apenas bisbilhotando as janelas do prédio da esquina. A alternativa lógica é que se tratava mesmo de um drone, que logo foi recolhido pelo piloto provavelmente abrigado nas redondezas. Retomei o caminho para a padaria a fim de tomar um expresso e me recuperar dessa viagem do mundo da ficção para a realidade.  (Acabei de consultar o Google e constatei que se pode adquirir um veículo aéreo não tripulado por menos de R$ 500. A foto é de um anúncio.)



* Personagens da série "Arquivo X".

domingo, 3 de dezembro de 2023

A ÚLTIMA BATALHA DE NAPOLEÃO


Napoleão Bonaparte (1769-1821) foi muito mais que um general ou imperador da França, ele deixou uma obra que abrangeu, entre muitas outras inovações, o sistema de justiça, da educação secularizada, introdução do sistema decimal que extrapolou as fronteiras francesas. O assunto, entretanto, não é a vida e a obra do imperador francês, mas o ótimo filme “Waterloo” (1970), uma superprodução dirigida pelo russo Sergei Bondarchuck (1920-1994). Elenco: Rod Steiger (1925-2002), como Napoleão, e Christopher Plummer (1929-1921), no papel do duque de Wellington. O roteiro abrange os 100 dias de governo de Bonaparte, então com 46 anos, após a fuga da ilha de Santa Helena, a volta a Paris, a aclamação popular que o reintegra ao poder e o final melancólico em Waterloo (atual Bélgica) em 1815. A produção foi dividida entre as companhias italiana de Dino De Laurentiis e a soviética Mosfil – esta obteve a colaboração do exército soviético que forneceu os soldados para as cenas das batalhas.

Outro grande nome do elenco: Orson Welles (1915-1985), no papel do rei francês Luís XVIII. Um pequeno papel, uma presença marcante. 



 https://www.youtube.com/watch?v=JmRDwWiz6kw 


sábado, 2 de dezembro de 2023

LISBOA, AQUI E ALI.

 

Costa Firenze: 323 metros de comprimento, lançamento 2019.


SANTA APOLÔNIA – AO ver o imenso navio de cruzeiro, calmamente acostado no cais de Lisboa, sem nenhum aparente aparato de segurança, lembrei-me do tempo em que fui responsável pela página de porto do jornal CIDADE DE SANTOS (Santos/SP). Década de 1980 e, felizmente, foi por pouco tempo. Tempos da histórica Companhia Docas de Santos. O acesso à faixa portuária era (creio que continua) controlado – apenas funcionários da CDS e das empresas de navegação, trabalhadores portuários e pessoal devidamente credenciado, caso dos jornalistas, tinha permissão para entrar na área do cais. Quando há alguma embarcação que permite visita do público geral, ela fica atracada em cais especial.

O único transatlântico que vi tão de perto foi o Queen Elizabeth, carregado de gente famosa (pelos mais diversos motivos) e outros nem tanto, que aportou em Santos pela primeira vez em meados dos anos 1980. Fiz parte da equipe de jornalistas que foi cobrir o evento. Só faltou banda de música, como reclamou (a sério) um dos donos do jornal que estava entre os passageiros. Eis o tipo de viagem que nunca faria: uma semana para chegar à Europa, quando um avião leva apenas 12 horas (dependendo do país).

 

Domingo de sol. Final de tarde com boa música numa praça cujo nome não anotei.



Você vai caminhando despreocupadamente e vê o Super-homem trabalhando de leão-de-chácara numa loja de doces e, ao virar a esquina, lá está o Batman de plantão, sob o olhar cheio de dúvidas de Betty Boop na vitrine. Parece que o ET perdeu a espaçonave... A loja tem origem italiana e os doces, em forma de personagens de filmes e quadrinhos, ficam expostos em barris de madeira. Chegou recentemente a Lisboa.

 

A loja de doces fica pertinho do elevador Santa Justa, onde a fila para o passeio parecia eterna. Uma possibilidade é comer. O que não falta é opção. Nem em dia de chuva  o ânimo dos turistas arrefeceu. Detesto filas .O elevador, inaugurado em 1902, liga a Baixa ao Bairro Alto. 

 



Por falar em lojas, outra esquina, agora no Rossio, outra loja diferente: “O mundo fantástico da sardinha portuguesa”. Entrei e me vi rodeada por latas de sardinha! Sardinhas a perder de vista e de todo jeito. Ah! patê de sardinha? Minha especialidade. E se você acha que isso é bobagem, se enganou, meu bem, porque o local estava cheio e esta é apenas uma das cinco lojas que existem em Lisboa. Para se encantar com a ideia, visite o site que é muito criativo.

https://www.portuguesesardine.com/

sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

DEZEMBRO

 São Paulo, 1º de dezembro de 2013.

Primavera chegando ao fim, prenúncio de verão.

Parque Villa-Lobos, São Paulo, dezembro de 2023.




DEZEMBRO

Quem me acode
à cabeça e ao coração
neste fim de ano,
entre alegria e dor?

Que sonho,
que mistério,
que oração?

Amor.

Carlos Drummond de Andrade















GENEBRA EM DEZEMBRO

Genebra , 1954

Campos de neve e píncaros distantes 
      Sinos que morrem 
Asas brancas em frios céus distantes 
      Águas que correm. 

Canais como caminhos prisioneiros 
      Em busca de saída 
Para os mares, os grandes, traiçoeiros 
      Mares da vida. 

Cisnes em bando interrogando as águas 
      Do Ródano, cativas 
Ruas sem perspectivas e sem mágoas 
      Fachadas pensativas. 

Chuva fina tangendo namorados 
      Sem amanhã 
Transitando transidos e apressados 
      Pont du Mont Blanc. 

Relógios pontuais batendo horas 
      Aqui, ali, adiante 
Vida sem tempo pela vida afora 
      Tédio constante. 

Tédio bom, tédio conselheiro, tédio 
      Da vida que não é 
E para a qual há sempre bom remédio 
      Do bar do "Rabelais".

Vinicius de Moraes