São Nicolau (?350) foi um bispo que nasceu em Patara,
atual Turquia, famoso pela preocupação com as crianças e, talvez por isso, o professor
de Literatura Grega e Oriental Clement Clarke Moore (1779
–1863) o tenha escolhido para o poema “Visita
de S. Nicolau” que escreveu para seus seis filhos. Em dezembro de 1823 o poema
foi publicado em um jornal novaiorquino e fez um grande sucesso, dando origem à
lenda de S. Nicolau/Papai Noel. A imagem do bom velhinho só foi criada em 1863
pelo cartunista Thomas Nast (1840-1916) para a capa do jornal Harper’s Weekly. O
personagem mudou muito no decorrer dos anos e a famosa roupa vermelha e branca,
por exemplo, foi adotada em 1931, quando a Coca-Cola usou Papai Noel em sua campanha
publicitária. Pode-se dizer, portanto, que Papai Noel está fazendo 200 anos.
UMA VISITA DE SÃO
NICOLAU
Era véspera de Natal e nada na casa se movia,
Nenhuma
criatura, nem mesmo um camundongo;
As
meias com cuidado foram penduradas na lareira,
Na
esperança de que São Nicolau logo chegasse;
As
crianças aconchegadas, quentinhas em suas fronhas,
Enquanto
rosquinhas de natal dançavam em seus sonhos;
Mamãe
com seu lenço e eu com meu gorro,
Há
pouco acomodados para uma longa soneca de inverno;
Quando
no jardim começou uma barulhada,
Eu pulei
da cama para ver o que estava acontecendo.
Para
fora da janela como um raio eu voei,
Abri as
persianas e subi pela cortina.
A lua
no colo da recém caída neve,
Dava um
lustro de meio-dia em tudo em que tocava,
Quando,
para meus olhos curiosos, o que apareceu:
Um
trenó miniatura, e oitos renas pequenininhas,
Com um
motorista velhinho, tão alerta e muito ágil,
E eu
soube, na mesma hora, que era São Nicolau.
Mais
rápido que uma águia vinha pelo caminho,
E
assobiava e gritava e as chamava pelo nome;
“Agora,
Corredora! Agora, Dançarina! Agora, Empinadora e Raposa!
Venha,
Cometa! Venha, Cupido! Venham, Trovão e Relâmpago!
Por
cima da sacada! Para o topo do telhado!
Agora
fora, depressa!
Fora
todos, bem depressa!”
Como
folhas revoltas antes do furacão,
Sem
encontrar obstáculos, voaram para o céu,
Tão
alto, acima do telhado voaram,
O trenó
cheio de brinquedos e São Nicolau nele também.
E então
num piscar de olhos, ouvi no telhado
O
toque-toque e o arrastar dos casquinhos.
Como um
desenho em minha cabeça, assim que virei
Descendo
a chaminé São Nicolau vinha resoluto
Todo
vestido de peles, da cabeça até os pés,
E com a
roupa toda manchada de cinzas e carvão;
Um saco
de brinquedos em suas costas,
Parecia
um mascate ao abrir o saco.
Seus
olhos – como brilhavam!
Suas
alegres covinhas!
Suas
bochechas rosa, seu nariz como uma cereja!
Sua
boquinha sapeca curvada para cima como num arco,
A barba
em seu queixo tão branca como a neve;
O cabo
do cachimbo bem preso em seus dentes,
A
fumaça envolvendo sua cabeça como uma guirlanda;
Tinha
um rosto redondo e uma barriga grande,
Que
sacudia, quando ele sorria, como uma tigela de geleia.
Era
gordinho e fofo, um perfeito elfo velhinho e alegre,
E eu ri
quando o vi, sem poder evitar;
Uma
piscada de olhos e um aceno de cabeça,
Na hora
me fizeram entender que eu nada tinha a temer;
Não
disse uma só palavra, mas voltou direto ao seu trabalho,
E
recheou todas as meias; então virou no pé,
E
colocando o dedo ao lado do nariz,
Acenando
com a cabeça, a chaminé escalou;
Pulou
em seu trenó, ao seu time assobiou,
E para
longe voaram, como pétalas de dente-de-leão.
Mas
ainda o ouvi exclamar, enquanto ele desaparecia
“Feliz
Natal a todos e para todos uma Boa Noite!”
(Tradutor não identificado.)
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