sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

ANIVERSARIANTE DO DIA

 

Ele tinha um nome bonito – Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, e foi um dos poetas brasileiros que conheceu o sucesso, não apenas entre seus pares, mas conquistou com seu talento a alma popular.  Os modernistas foram dos poucos que ousaram discordar, mas a implicância não afetou o Bilac. Carioca da gema, nasceu em 16 de dezembro de 1865 e faleceu em 28 de dezembro de 1918 no Rio de Janeiro. Tentou fazer medicina, mas desistiu, matriculando-se em seguida na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo, mas desistiu também. Foi jornalista, conferencista e inspetor de ensino. É um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 15 cujo patrono é Gonçalves Dias. Foi eleito “Príncipe dos poetas” brasileiros em 1907 pela Revista Fon-Fon. Homenagem aos 158 anos de nascimento de Bilac.




LÍNGUA PORTUGUESA

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que, na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceanos largos!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

                                                                 (Tarde, 1919.)

SONETO XIII

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

 E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

                                                     (PoesiasVia Láctea, 1888.)

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