Ele tinha um nome bonito – Olavo Brás Martins
dos Guimarães Bilac, e foi um dos poetas brasileiros que conheceu o sucesso,
não apenas entre seus pares, mas conquistou com seu talento a alma
popular. Os modernistas foram dos poucos
que ousaram discordar, mas a implicância não afetou o Bilac. Carioca da gema,
nasceu em 16 de dezembro de 1865 e faleceu em 28 de dezembro de 1918 no Rio de
Janeiro. Tentou fazer medicina, mas desistiu, matriculando-se em seguida na
Faculdade de Direito do Largo de São Francisco em São Paulo, mas desistiu
também. Foi jornalista, conferencista e inspetor de ensino. É um dos fundadores
da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 15 cujo patrono é
Gonçalves Dias. Foi eleito “Príncipe dos poetas” brasileiros em 1907 pela
Revista Fon-Fon. Homenagem aos 158 anos de nascimento de Bilac.
LÍNGUA PORTUGUESA
Última
flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura;
Ouro nativo, que, na ganga impura,
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te
assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo
o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceanos largos!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em
que da voz materna ouvi: “meu filho!”
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Tarde,
1919.)
SONETO XIII
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”
E eu vos direi: “Amai para
entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”
(Poesias, Via
Láctea, 1888.)
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