quinta-feira, 13 de setembro de 2018

E POR FALAR EM LIVROS

“Quando penso em todos os livros que ainda posso ler,
tenho a certeza de ainda ser feliz.” 
Jules Renard (1864-1910).

Dizem que o fim do livro está próximo. Não sei se entenderia a vida sem um livro. Desde muito pequena eles fazem parte do meu cotidiano. No princípio, claro, liam para mim. A imagem é nítida: minha tia sentada à beira da cama com o livro no colo, lendo coisas que ele contava para ela e ela repetia para mim. Era quase um objeto mágico, que podia ser manuseado quantas vezes ela quisesse e sempre repetia a mesma história sem se cansar, embora a tia se cansasse. Na minha cabeça os personagens se juntavam, se separavam e voltavam a se juntar; pulavam para aqui e para ali em histórias da carochinha... 
         Os primeiros livros que li foram contos de fadas. Era uma coleção com os mais belos contos de fadas de Perrault, Grimm e Andersen. Capas duras e coloridas, mas dentro apenas um desenho a traço introduzindo as histórias. Então um dia outra tia, Odete, trouxe da biblioteca “O Minotauro”, de Monteiro Lobato, que mudou minha vida.
       Saltei da literatura infantil para a romântica nacional na escola e então numa pequena estante, comprada por minha avó para ajudar uma amiga que trocava a casa por um apartamento, vieram os livros de aventuras – “Os três mosqueteiros”, “O Conde de Monte Cristo” de Alexandre Dumas, “E o vento levou”, de Margareth Mitchell, dezenas de livros da Biblioteca das Moças, obras da sensível Sra. Leandro Dupré e entre tudo isso “Os Sertões” de Euclides da Cunha. Aos poucos o gosto foi se apurando e os autores clássicos (teatro e literatura) se impuseram.
       Aprendi cedo a usar o dicionário que me proporciona sempre uma surpreendente viagem pelo idioma a ponto de muitas vezes esquecer o motivo pelo qual o procurei. E as enciclopédias? Elas me ajudaram (e ajudam) a desvendar as coisas que não entendia (e não entendo). E os atlas sempre estão à disposição para achar lugares encantados e outros nem tanto.
Com o desenvolvimento da tecnologia fala-se no fim do livro, que será substituído pelo e-book. A ideia pode causar susto em uns, tristeza em outros. Levanta várias questões, com certeza. 
O importante é ler, preservar, divulgar e ensinar os conteúdos dos livros; afinal, desde que inventou a escrita, o homem tratou de registrar suas experiências vividas ou inventadas, na forma de história da sua trajetória ou de literatura; propaga os conhecimentos acumulados e lança as dúvidas que persistem para as futuras gerações desvendarem. Não importa que tudo isso seja em e-books – (uma plataforma cara, porém, cada vez mais popular), argila, papiro, seda, papel de arroz, pergaminho... Queremos ler.                                                                                     
 Ilustração: Émile Zola (1840-1902), tela de Édouard Manet.

2 comentários:

Nilton Tuna disse...

Beleza de texto. Beijos!

Hilda Araújo disse...

Muito obrigada, Nilton. Beijos.