“Quando penso em todos os livros que ainda posso ler,
tenho a certeza de ainda ser feliz.”
Jules Renard (1864-1910).
Dizem que o fim do livro
está próximo. Não sei se entenderia a vida sem um livro. Desde muito pequena
eles fazem parte do meu cotidiano. No princípio, claro, liam para mim. A imagem
é nítida: minha tia sentada à beira da cama com o livro no colo, lendo coisas
que ele contava para ela e ela repetia para mim. Era quase um objeto mágico,
que podia ser manuseado quantas vezes ela quisesse e sempre repetia a mesma
história sem se cansar, embora a tia se cansasse. Na minha cabeça os
personagens se juntavam, se separavam e voltavam a se juntar; pulavam para aqui
e para ali em histórias da carochinha...
Os primeiros livros que li foram contos de fadas. Era uma coleção
com os mais belos contos de fadas de Perrault, Grimm e Andersen. Capas duras e
coloridas, mas dentro apenas um desenho a traço introduzindo as histórias. Então
um dia outra tia, Odete, trouxe da biblioteca “O Minotauro”, de Monteiro
Lobato, que mudou minha vida.
Saltei da literatura infantil para a romântica nacional na escola e então
numa pequena estante, comprada por minha avó para ajudar uma amiga que trocava
a casa por um apartamento, vieram os livros de aventuras – “Os três
mosqueteiros”, “O Conde de Monte Cristo” de Alexandre Dumas, “E o vento levou”,
de Margareth Mitchell, dezenas de livros da Biblioteca das Moças, obras da
sensível Sra. Leandro Dupré e entre tudo isso “Os Sertões” de Euclides da
Cunha. Aos poucos o gosto foi se apurando e os autores clássicos (teatro e
literatura) se impuseram.
Aprendi cedo a usar o dicionário que me proporciona sempre uma
surpreendente viagem pelo idioma a ponto de muitas vezes esquecer o motivo pelo
qual o procurei. E as enciclopédias? Elas me ajudaram (e ajudam) a desvendar as
coisas que não entendia (e não entendo). E os atlas sempre estão à disposição
para achar lugares encantados e outros nem tanto.
Com
o desenvolvimento da tecnologia fala-se no fim do livro, que será substituído
pelo e-book. A ideia pode causar susto em uns, tristeza em outros. Levanta
várias questões, com certeza.
O
importante é ler, preservar, divulgar e ensinar os conteúdos dos livros;
afinal, desde que inventou a escrita, o homem tratou de registrar suas
experiências vividas ou inventadas, na forma de história da sua trajetória ou
de literatura; propaga os conhecimentos acumulados e lança as dúvidas que
persistem para as futuras gerações desvendarem. Não importa que tudo isso seja
em e-books – (uma plataforma cara, porém, cada vez mais popular), argila,
papiro, seda, papel de arroz, pergaminho... Queremos ler.
2 comentários:
Beleza de texto. Beijos!
Muito obrigada, Nilton. Beijos.
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