Museu Paulista da Universidade de São Paulo, no Ipiranga. Foto: HPPA. |
A vida pouco mudou no entorno do riacho após a proclamação da Independência até a inauguração da estrada de ferro São Paulo Railway, ligando São Paulo a Santos, e o loteamento da área compreendida entre Glória, Lavapés e o Morro do Ipiranga. No final do século XIX, os principais proprietários de terras eram o conde José Vicente de Azevedo (1859-1944) e os herdeiros de Antônio de Moraes.
Contam os historiadores que a ideia de
construir um monumento às margens do Ipiranga surgiu após o grande evento
histórico, mas... Adivinhem. Não havia verba. Capitaneados por Antônio da Silva
Prado moradores se mobilizaram para fazer uma subscrição pública para “se
erigir no lugar, denominado Piranga hum monumento”. Isso mesmo: Piranga. Em 26 de fevereiro de
1823 José Bonifácio dá a concessão para a construção do marco. Em setembro de
1824 ainda se discutia o caso, pois os edis queriam que o monumento fosse
erguido na cidade porque o Ipiranga ficava muito longe.
A Coroa determinou que fosse “aquela memória
inaugurada no próprio sítio do Piranga em que foi proclamada a Independência
Política do Império”. A verdade é que a
Câmara marcou o local e nada mais fez. A Câmara do Rio resolveu abrir uma
subscrição nacional para o monumento; entretanto, em 1829 a obra já estava
parada por falta de dinheiro. Os paulistas não puseram a mão no bolso para a
obra, sem contar que “a estética que a inspirara era a mais deplorável”,
segundo o historiador Afonso D’Escragnolle Taunay. Por traz de todo esse descaso havia uma longa história
com a Maçonaria. Com a abdicação de D. Pedro em 1831, a obra foi abandonada.
Vinte e quatro anos depois D. Pedro II em
visita a São Paulo quis conhecer o local onde o pai proclamara a Independência.
Bem amargurado deve ter ficado ao ver “apenas uma torrezinha de madeira
carcomida pela intempérie como marco comemorativo”.
O descaso não era total. Todos os anos em 7
de setembro os estudantes do Largo de São Francisco organizavam uma visita ao
Ipiranga. Nova mobilização: o governo criou uma loteria para arrecadar fundos.
Houve muitos desentendimentos entre o arquiteto italiano Thomaz Gaudêncio Bezzi
contratado em 1885, que insistiu no projeto de um palácio enquanto os
contratantes queriam um prédio de utilização prática, como um estabelecimento
de educação.
Estavam as coisas nesse pé, quando o Império
caiu. A República nasceu sem que houvesse um marco da independência que, enfim,
foi inaugurado em 7 de setembro de 1895. Inacabado, diga-se de passagem, por
falta de recursos para a execução das alas laterais do palacete. Graças à
teimosia de Bezzi, temos hoje no alto da colina do Ipiranga o prédio em estilo
eclético, que abriga o Museu Paulista da Universidade de São Paulo. A obra teve
a supervisão do italiano Luiz Pucci, autor do projeto da Avenida D. Pedro I.
O Museu Paulista encontra-se fechado há cinco anos para obras de restauro e recuperação e deverá reabrir em 2022 para as comemorações dos 200 anos da Independência do Brasil. (7/09/18).
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