196 ANOS DA INDEPENDÊNCIA
Quase duzentos anos depois da
Independência, a Mata Atlântica é tratada mais ou menos como peça de museu e os
rios da cidade (inclusive o córrego histórico) estão mortos e cheiram muito
mal; entretanto, o caminho para o mar, que começa no Ipiranga, continua
movimentado e desde 1947 chama-se Via Anchieta.
A construção do segundo
monumento à Independência foi outra novela que se arrastou por alguns anos e
gerou muitas discussões. Houve um concurso público para a escolha da obra e
quem venceu foi o italiano Ettore Ximenes, que apresentou um projeto feito para
czar da Rússia, mas que não fora entregue por causa da Revolução. Obra semelhante
seria colocada na Bélgica, segundo jornais londrinos. Ximenes fez algumas
adaptações para entrar no concurso brasileiro. Rodrigues Alves lançou o
concurso em 1912, a concorrência foi aberta em 1917 e em 1920 as maquetes dos
projetos foram expostas no Palácio das Indústrias. Quando foi anunciado o
vencedor, Monteiro Lobato não deixou pedra sobre pedra: “Victoria da
mediocridade patoleira” – escreveu no jornal O Parafuso (21/04/1920). Mário de Andrade não ficou atrás: “o
ilustre sr. Ximenes, que de longe veio, infiltrará a colina do Ipiranga com seu
colossal centro-de-mesa de porcelana de Sèvres”.
Enfim, a obra inacabada foi
inaugurada em 1922. Ximenes queria mais dinheiro para concluí-la e governo cedeu
e em 1926 o monumento foi concluído. A obra teve a colaboração de outro
italiano, Manfredo Manfredi (1889-1927).
Tudo isso é história. Cento e
noventa e seis anos depois não importam muito as discussões de estilo. O
conjunto faz parte do imaginário do brasileiro e o Monumento à Independência
paira solene entre o Museu Paulista da Universidade de São Paulo no alto da
colina e o triste riacho do Ipiranga, de cujas margens plácidas reverberaram as
palavras do príncipe Dom Pedro – Independência ou Morte. (Fotos: Hilda Prado Araújo, agosto, 2018.)
São Paulo, 31 de agosto, 2018.
Fonte:IPIRANGA. Série: história dos bairros de São Paulo. Volume 14. Prefeitura do Município de São Paulo/ Secretaria de Cultura. 1979.
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