Minha
caminhada ontem pela Bela Vista, começou sexta à noite. Ao sair da comemoração do
aniversário de um amigo na Rua Rui Barbosa, caminhei até a Avenida Brigadeiro
Luís Antônio, aproveitando a noite fresca para observar as pessoas, as
construções...Foi assim que vi uma vila parcamente
iluminada. Daquelas vilas de calçadas estreitas e casas que me pareceram
interessantes de ser ver à luz do sol. Pronto! Amanhã voltarei, pensei com meus
botões.
E o sábado amanheceu azul, adequado à caminhada pela Bela Vista. Comecei
pela Rua Treze de Maio e, sem pressa, cheguei à Rua Rui Barbosa onde fui
explorar a Panetteria Italianinha,
passando pelo Teatro Sérgio Cardoso “embrulhado” para reparos. A Italianinha tem 123 anos, foi muito
grande, mas encolheu com o desenvolvimento da região sem perder de vista as
origens e a qualidade de seus produtos. Volto à busca da vila, que é uma travessa
da Rua Fortaleza. Dizem que à noite todos os gatos são pardos. Verdade.
Descubro um espaço decadente embora alguns imóveis estejam bem conservados. Ironicamente,
o endereço é Travessa dos Arquitetos.
Não importa se a rua não é bonita.
Continuo agora com destino à Praça Dom Orione que não visito há décadas, mas o viaduto Amando Puglisi é um obstáculo. Pergunto a um rapaz qual o caminho melhor. Ele larga o celular, sorri e me diz para entrar no prédio, subir a passarela e sairei na Rua Treze de Maio e, passando sob o viaduto, estarei na Praça. “Por dentro do prédio?” Sim, trata-se de uma galeria que pode ser usada como passagem. Sigo as instruções e lá estou eu onde queria.
A praça está bem conservada e há tudo que deve ter em um espaço como esse: crianças brincando, namorados, trabalhadores da Prefeitura, algumas pessoas dormitando ao sol, indiferentes ao coreto Carmelo Taverna, ao olhar de D. Orione e de Adoniran Barbosa, a grande estrela da Bela Vista-Bixiga. Dá gosto de ver a conservação da quase centenária escadaria do Bixiga liga a Rua Treze de Maio à Rua dos Ingleses. Obra do prefeito Pires do Rio. No prédio do largo funciona um “velhiquário” de acordo com a faixa. Aliás, há vários antiquários na região, mas gostei mesmo do Shopping das Artes, que reúne 40 lojas de artes plásticas e antiguidades e liga a Rua Trezes de Maio à Rua dos Ingleses de forma muito agradável. Numa das lojas um senhor conserta relógios. Há vários cucos na parede e ele me garante que quem compra um cuco ganha um saco de 100 kg de sementes. Chega o padeiro com pão italiano quentinho, me despeço para que ele faça a refeição com tranquilidade.
Dou por encerrado o passeio e deixo para outra ocasião os restaurantes e cantinas famosos do bairro, reduto italiano da cidade. Não pude deixar de notar alguns estranhos no ninho: o Moura Sushi, o Al Janiah e um snak bar chinês. Viva a globalização!
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