domingo, 19 de maio de 2019

PIANO, PIANO...

Uma “Aula de Piano” muito especial: composição de Vinicius de Moraes (1913-1980) e Toquinho (1946). 

Depois do almoço na sala vazia


A mãe subia pra se recostar
E no passado que a sala escondia
A menininha ficava a esperar
O professor de piano chegava
E começava uma nova lição
E a menininha, tão bonitinha
Enchia a casa feito um clarim
Abria o peito, mandava brasa
E solfejava assim:
Ai, ai, ai
Lá, sol, fá, mi, ré
Tira a não daí
Dó, dó, ré, dó, si
Aqui não dá pé
Mi, mi, fá, mi, ré
E agora o sol, fá
Pra lição acabar

Diz o refrão quem não chora não mama
Veio o sucesso e a consagração
Que finalmente deitaram na fama
Tendo atingido a total perfeição
Nunca se viu tanta variedade
A quatro mãos em concertos de amor
Mas na verdade tinham saudade
De quando ele era seu professor
E quando ela, menina e bela
Abria o berrador
Ai, ai, ai,
Lá, sol, fá, mi, ré


"Aula de piano", de Vinicius de Moraes e Toquinho, com As Frenéticas.

Cresci ao som de um piano. Minha tia Odete era professora de música e, quando não estava tocando Beethoven, Wagner ou Chopin, recebia as alunas que martelavam as teclas do Steinway ou solfejavam a duras penas no velho Bona. Minha vez chegou ao completar sete anos, quando claves de sol e fá, colcheias, fusas e semifusas, semicolcheias e semibreves povoaram as minhas tardes. As escalas, as primeiras músicas, a alegria; mais escalas, mais uma música, muito mais escalas... Ah! Que monotonia, indo e vindo tentando a perfeição... Mas essa é uma história que já foi contada. 

ILUSTRAÇÕES: 


“Aula de Piano", do inglês Edmund Blair Leighton (1852-1922).
“O Mestre da Música", do americano Fletcher Charles Ransom (1870-1943).
"Menina ao piano", do checo Rudolf Jelenik (1880-1945).

“Menina em uma Sala com Piano Lendo Livro”, do dinamarquês Carl Holsøe (1863-1935). 

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