sexta-feira, 3 de maio de 2019

RH POSITIVO



O laboratório onde entrevistava um técnico, de repente, ficou movimentado. Dois funcionários entraram procurando um frasco e o entrevistado interrompeu nossa conversa para perguntar aos recém-chegados se havia leite suficiente. Sim, havia, responderam eles saindo apressadamente. Diante do meu olhar curioso, ele convidou-me para acompanhar o pessoal. Na verdade, me pareceu que ele queria mesmo se livrar da entrevista para ir com os colegas. Fomos até uma sala onde num dos cantos, num berço tosco, um bebê olhava com curiosidade a agitação ao redor. Devia ter uns 40 cm e a magreza realçava um enorme par de olhos pretos. Engraçadinho na sua feiura natural. Segurava uma boneca de pano, que no momento, diante de tanta agitação, não o interessava. Foi assim que conheci Rafael, um macaco Rhesus, abandonado pela mãe e adotado pelos funcionários do Instituto Butantã.
O entrevistado (agora animado com a mudança do assunto que me levara até lá) contou que uma das macacas tivera uma gravidez tardia e abandonara a cria por não ter mais condições físicas para cuidar dela. Um comportamento natural, segundo ele. Na verdade, o filhote ganhou toda atenção da equipe do Instituto responsável pela área. Deram-lhe o nome de Rafael; entretanto, ele não reagira bem. Consultado um especialista, arranjaram-lhe uma boneca cuja função era dar suporte emocional, já que não havia a mãe para ajudá-lo no início da vida. E estava funcionando.  
Fiz a matéria sobre o fato e ela se perdeu na memória até que algum tempo atrás, num passeio pelo Instituto Butantã, vi a placa com a foto de Rafael, salvo pelo carinho dos funcionários do Biotério Central. Como ele nasceu em 1991, deve estar velhinho já que a espécie vive cerca de 30 anos em cativeiro. 
Sempre que você se referir ao fator RH, lembre-se que essas duas letras referem-se a Rhesus, macacos que ajudaram a descobrir o fator Rh sanguíneo, entre muitas outras contribuições para a saúde humana.  

Nenhum comentário: