O laboratório
onde entrevistava um técnico, de repente, ficou movimentado. Dois funcionários
entraram procurando um frasco e o entrevistado interrompeu nossa conversa para perguntar
aos recém-chegados se havia leite suficiente. Sim, havia, responderam eles
saindo apressadamente. Diante do meu olhar curioso, ele convidou-me para
acompanhar o pessoal. Na verdade, me pareceu que ele queria mesmo se livrar da
entrevista para ir com os colegas. Fomos até uma sala onde num dos cantos, num
berço tosco, um bebê olhava com curiosidade a agitação ao redor. Devia ter uns
40 cm e a magreza realçava um enorme par de olhos pretos. Engraçadinho na sua
feiura natural. Segurava uma boneca de pano, que no momento, diante de tanta
agitação, não o interessava. Foi assim que conheci Rafael, um macaco Rhesus, abandonado
pela mãe e adotado pelos funcionários do Instituto Butantã.
O entrevistado (agora animado com a mudança do assunto que me levara até
lá) contou que uma das macacas tivera uma gravidez tardia e abandonara a cria
por não ter mais condições físicas para cuidar dela. Um comportamento natural,
segundo ele. Na verdade, o filhote ganhou toda atenção da equipe do Instituto
responsável pela área. Deram-lhe o nome de Rafael; entretanto, ele não reagira
bem. Consultado um especialista, arranjaram-lhe uma boneca cuja função era dar suporte emocional, já que não havia a mãe para ajudá-lo no início da vida. E
estava funcionando.
Fiz a matéria sobre o fato e ela se perdeu na memória até que algum tempo
atrás, num passeio pelo Instituto Butantã, vi a placa com a foto de Rafael,
salvo pelo carinho dos funcionários do Biotério Central. Como ele nasceu em 1991, deve estar velhinho já que a espécie vive cerca de 30 anos em cativeiro.
Sempre que você se referir ao fator RH, lembre-se que essas duas letras
referem-se a Rhesus, macacos que ajudaram a descobrir o fator Rh sanguíneo, entre muitas outras contribuições para
a saúde humana.
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