quarta-feira, 8 de maio de 2019

VOCÊ SABE DE ONDE EU VENHO?

“Os velhos soldados nunca morrem; eles apenas desaparecem." General Douglas MacArthur.
O dia 8 de maio marca o final da II Guerra Mundial (1939-1945) na Europa, quando a Alemanha rendeu-se, incondicionalmente, aos Aliados. A Itália, onde o Brasil lutou ao lado dos Estados Unidos, rendera-se em 2 de maio. A Guerra do Pacífico prosseguiu até agosto de 1945. 
O Brasil perdeu 467 soldados dos 25.700 que participaram da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Três mil homens foram feridos durante a campanha. As forças brasileiras fizeram 20.573 prisioneiros – entre eles dois generais, o alemão Otto Fretter e o italiano Mario Carlonio, comandante da divisão de Versagliere.
Você sabe de onde eu venho? Várias cidades italianas têm monumentos lembrando a ação da Força Expedicionária Brasileira cuja importância na história da II Guerra vem sendo recuperada pelas novas gerações no Brasil. Na Itália, sabem de onde eles vieram. Os velhos soldados têm recebido a devida homenagem em quase todo país. 
        Os restos mortais dos pracinhas mortos em combate encontram-se desde 1960 no subsolo do Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, que compõe o Parque Brigadeiro Eduardo Gomes (Parque do Flamengo).

Com muita sensibilidade, o poeta Guilherme de Almeida (1890-1969), autor da letra da “Canção do Expedicionário” usou poesias, músicas e imagens literárias populares para contar a procedência dos soldados da Força Expedicionária. O resultado foi excelente e com a música de Spartaco Rossi (1910-1983) superou o hino da FEB.  A música gravada em setembro de 1944 por Francisco Alves com a Orquestra Odeon. 

Canção do Expedicionário

Homenagem aos veteranos da FEB no Iburapuera em 2017.
Você sabe de onde eu venho ?
Venho do morro do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Do pampa, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.

Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.

Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema    

Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!
Por mais terras que eu percorra...

Você sabe de onde eu venho ?
E de uma Pátria que eu tenho
No bojo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacarandá,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.

Por mais terras que eu percorra...
Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz !

Por mais terras que eu percorra... 
Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, Rio de Janeiro, 2015.

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