quinta-feira, 12 de novembro de 2020

SOBRE ANJOS E UMA PRINCESA

Ela foi uma das mais belas atrizes americanas e acabou se casando com um príncipe, bem no estilo conto de fadas. Aquela parte do “foram felizes para sempre” fica a critério de cada um dos fãs que se deu ao trabalho de ler sua biografia. É muito provável que a época mais divertida tenha sido aquela que trabalhou como modelo e fez teatro e cinema. Grace Kelly nasceu em 12 de novembro de 1929 na Filadélfia em família rica e influente. Dos onze filmes que estrelou três foram sob a direção de Hitchcock. Ela abandonou o cinema para se casar em abril de 1956 com o príncipe Rainier III (1923-2005), de Mônaco. Grace Kelly morreu em consequência de um acidente de carro em setembro de 1982 em Mônaco.  

         O último trabalho como atriz foi “Alta Sociedade” em 1956, dirigido por Charles Walters (1911-1982). O filme reúne a nata da música americana: Louis Armstrong, Frank Sinatra e Bing Crosby e ainda tem canções de Cole Porter (1891-1964). Mais para quê? 


A POESIA DE AUGUSTO DOS ANJOS

Quem relaciona poesia a romance, imagens elegantes e sentimentos nobres, precisa conhecer o paraibano Augusto de Carvalho Rodrigues da Silva ou simplesmente Augusto dos Anjos (1884-1914). Não sei a que escola literária pertence, mas me parece realista, pois seus versos embalam palavras pouco comuns em poesia e imagens fortes para espíritos que buscam enlevo e delicadeza. Augusto dos Anjos formou-se em Direito em Recife e foi professor na escola em que estudou; mais tarde mudou com a família para Minas, onde morreu de pneumonia no dia 12 de novembro de 1914. Publicou apenas um livro - “EU” (1912). Escolhi dois poemas em homenagem ao grande poeta brasileiro.

 PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

 Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há-de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

 A LÁGRIMA

– Faça-me o obséquio de trazer reunidos
Cloreto de sódio, água e albumina…
Ah! Basta isto, porque isto é que origina
A lágrima de todos os vencidos!

-“A farmacologia e a medicina
Com a relatividade dos sentidos
Desconhecem os mil desconhecidos
Segredos dessa secreção divina”

– O farmacêutico me obtemperou. –
Vem-me então à lembrança o pai Yoyô
Na ânsia física da última eficácia…

E logo a lágrima em meus olhos cai.
Ah! Vale mais lembrar-me eu de meu Pai
Do que todas as drogas da farmácia!

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