sábado, 15 de maio de 2021

TREM DE FERRO

O poeta pernambucano Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho, ou simplesmente, Manuel Bandeira (1886-1968) é o autor deste poema que nos dá vontade de correr para a estação e embarcar no trem, velha máquina que deixava um rastro de fumaça e fuligem por onde passava... A maria-fumaça como passou a ser chamada com carinho. Ah!O poeta. O poeta nos encanta enquanto descreve a paisagem que fica lá atrás. Bandeira fez parte do Modernismo (1922).  (Foto: Palácio das Indústrias - Museu Catavento, Parque D. Pedro.) 

TREM DE FERRO

Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isto maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô...
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!

Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá

Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matá minha sede
Oô...
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no Sertão
Sou de Ouricuri
Oô...

Vou depressa
Vou correndo
Vou na toda
Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Pouca gente...

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