Esse mar já foi português, francês e, novamente português, mas há quase 199 anos é brasileiro.
“Fragata sob rajada de vento ao longo do Pão de Açúcar” (1825). Aquarela do inglês Emeric Essex Vidal (1791-1861). Vidal era marinheiro e se dedicava também à pintura.
MAR PORTUGUÊS
Fernando Pessoa
Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quere passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
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