sábado, 12 de junho de 2021

O BEIJO DE EROS

 

 "Psiquê reanimada pelo beijo do Amor", obra do artista italiano  Antonio Canova (1757-1822). Museu do Louvre. 


A perfeição do soneto de Luis de Camões (?-1580).


Amor é fogo que arde sem se ver;
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor.


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