Na hora de passar pela alfândega,
é bom rezar para não acharem a viola.
A alfândega fiscaliza as mercadorias em circulação para cobrança dos devidos tributos. Em portos, aeroportos e fronteiras nacionais ou internacionais é um ponto pouco atraente. Mesmo que não se deva nada, nunca é agradável ser interrogado. Por tudo isso no Museu dos Transportes e Comunicações do Porto (Portugal), me surpreendi com a existência de Nossa Senhora das Alfândegas. Até anotei a história. Afinal, me perguntei, será que ela ajuda as pessoas na hora que chegam à aduana? De que forma?
A lenda é bem incomum. A epidemia de peste que assolava Lisboa no início do século XVI terminou em 1507 e funcionários da alfândega fizeram uma peregrinação à igreja de Nossa Senhora da Atalaia no Ribatejo para agradecer. Na mesma ocasião, uma tempestade em alto mar obrigou as embarcações que levavam alimentos para outros lugares a aportar em Lisboa, o que pôs fim à fome que grassava na cidade. O “milagre” acabou levando um grupo de pessoas ligadas à alfândega a criar a irmandade de Nossa Senhora das Alfândegas e o culto se tornou popular, terminando apenas em 1833 quando foi proibida a interferência religiosa em órgãos governamentais (laicização). Mais espantoso foi que em 1968 a devoção foi retomada. A festa da Virgem Soberana Protetora das Alfândegas é comemorada em 18 de dezembro.
Ilustração: Nossa Senhora. das Alfândegas: em cedro da Colômbia, folheada a ouro e policromada. Foi entronizada na Igreja de S. Pedro de Miragaia em 15 de dezembro de 1989. Foto do Arquivo do Museu, disponível no site.
No mesmo museu, outra surpresa (por isso gosto tanto de museus). Se no Brasil temos o santinho de pau oco, em Portugal havia a viola metálica usada para o contrabando de azeite entre Portugal e Espanha, no período da II Guerra Mundial.
Museu dos Transportes e
Comunicações do Porto: Rua Nova da
Alfândega 59 ‒ Miragaia, Porto. O Museu fica à margem direita do rio Douro e
ocupa um prédio do século XIX. Visitei em 2010.
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