terça-feira, 15 de junho de 2021

LEMBRANÇAS DE PORTUGAL

 

PORTO - A cidade é muito graciosa. Havia um ponto de ônibus em frente ao hotel e naquela manhã um senhor muito elegante, magrinho e carregando uma pasta, perguntou-me se o ônibus número X já havia passado. Como era o mesmo que eu esperava, pude informá-lo com segurança que não aparecera. Ele hesitou um instante, mas não resistiu e perguntou-me polidamente se era brasileira e de onde. Ele já estivera no Brasil e conhecia a Paulicéia desvairada (não citou Mário de Andrade). Minha aversão por conversar com estranhos é famosa, mas foi um prazer ouvi-lo falando sem parar até o ponto final – meu destino e o dele também.

Quando embarcamos no ônibus, sentou-se ao meu lado e apresentou-se. O nome dele era Castelo Branco. O Senhor Castelo Branco contou-me que ele sempre desejara conhecer o Brasil e conseguira realizar o sonho alguns anos antes. Fora ao Amazonas e Pará, visitara o Ceará e Pernambuco; claro que estivera na Bahia de onde foi para Minas, escorregou até o Pantanal e desaguou no Rio de Janeiro de onde embarcou para São Paulo e terminando nas Cataratas de Iguaçu.

Elogiei o roteiro que lhe deu uma visão da diversidade do País. Então, o cidadão que estava sentado no banco à nossa frente resolveu dar palpite na conversa, afinal, disse, vivera 15 anos no Brasil (acho que no Rio). Só faltou um cafezinho ou um porto de honra para que eu me sentisse numa sala de estar portuguesa. Quando descemos, nos despedimos e me dirigi à Catedral, mas estava em reforma e então fui à Livraria Lello – uma obra de arte única, que data de 1906.

"Oporto from the nunnery of San Bento" (1839), litografia de George Vivian (1798-1873).

Cidade do Porto, 2010.

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