PORTO - A cidade
é muito graciosa. Havia um ponto de ônibus em frente ao hotel e naquela manhã
um senhor muito elegante, magrinho e carregando uma pasta, perguntou-me se o
ônibus número X já havia passado. Como era o mesmo que eu esperava, pude
informá-lo com segurança que não aparecera. Ele hesitou um instante, mas não
resistiu e perguntou-me polidamente se era brasileira e de onde. Ele já
estivera no Brasil e conhecia a Paulicéia desvairada (não citou Mário de
Andrade). Minha aversão por conversar com estranhos é famosa, mas foi um prazer
ouvi-lo falando sem parar até o ponto final – meu destino e o dele também.
Quando embarcamos no ônibus, sentou-se ao meu lado
e apresentou-se. O nome dele era Castelo Branco. O Senhor Castelo Branco
contou-me que ele sempre desejara conhecer o Brasil e conseguira realizar o
sonho alguns anos antes. Fora ao Amazonas e Pará, visitara o Ceará e
Pernambuco; claro que estivera na Bahia de onde foi para Minas, escorregou até
o Pantanal e desaguou no Rio de Janeiro de onde embarcou para São Paulo e
terminando nas Cataratas de Iguaçu.
Elogiei o roteiro que lhe deu uma visão da
diversidade do País. Então, o cidadão que estava sentado no banco à nossa
frente resolveu dar palpite na conversa, afinal, disse, vivera 15 anos no
Brasil (acho que no Rio). Só faltou um cafezinho ou um porto de honra para que
eu me sentisse numa sala de estar portuguesa. Quando descemos, nos despedimos e
me dirigi à Catedral, mas estava em reforma e então fui à Livraria Lello – uma
obra de arte única, que data de 1906.
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