NARBONNE, FRANÇA. Manhã ensolarada e fria. Tempo ideal para caminhar sem rumo. Foi assim que cheguei ao templo gótico. Contornei o prédio e descobri que abriga o Museu Lapidário. Nunca visitei um museu lapidário. Entro ou não? Não tive muito tempo para decidir porque o funcionário da bilheteria me chamou. Subi a escadinha e parei em frente ao guichê. Ele se parecia com Papai Noel e, sem se importar se eu sabia ou não francês, começou um discurso sobre a importância do museu e me ofereceu um passe para visitar aquele e outros museus. Ele não esperava respostas (o que achei ótimo) e para me convencer (já estava convencida) disse que em dez minutos começaria um maravilhoso espetáculo audiovisual. Achei um pouco demais. Afinal, além dele, eu era a única pessoa na quadra inteira. Enfim, comprei o bilhete para visitar também os museus de Arqueologia, de Arte e História. Ele me acompanhou até a nave do templo às escuras e repleta de colunas de todos os tamanhos e tipos ‒ as mais notáveis com iluminação indireta. Percebia apenas silhuetas. Papai Noel, digo o funcionário, desapareceu e voltou com uma cadeira que colocou no meio da igreja.
‒ Madame, vou fechar a
porta e tenha um bom espetáculo!
Lá estava eu,
sozinha, trancada em uma igreja/ museu, cercada de pedras seculares, com
inscrições, relevos, sarcófagos e outros que tais. Sentei um pouco preocupada
com a possibilidade de ser esquecida ali, pois era quase hora do almoço.
Então,
começou o espetáculo. Nas paredes nuas da igreja, encaixavam-se as imagens das
diferentes épocas de sua existência ao som de uma música maravilhosa. Quando a
apresentação terminou, a porta se abriu e meu amigo veio ao meu encontro.
‒ Não é grandioso, madame?
‒ Magnífico! ‒ respondi para satisfação daquele
funcionário exemplar do Musée Lapidaire de Narbonne. Agradeci a atenção
e, convencida de que ele era Pére Noël de verdade, fui ver os
monumentos.
A igreja Notre-Dame de Lamourguié data de 1289, mas desde 1889 é sede do Museu Lapidário. Na verdade, há apenas a estrutura do templo original e todo o espaço é ocupado, entre outros, pelas pedras das antigas muralhas da cidade de Narbonne, que compõem a coleção lapidária: são cerca de dois mil documentos dos quais setecentos são inscrições – ou fragmentos de inscrições – e remontam aos dois primeiros séculos da nossa era.
Narbonne fica na região do Lanquedoc Roussillon, no
sudoeste da França. Foto: 2010.
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