terça-feira, 2 de novembro de 2021

DIA DE REFLEXÕES

 

“Ser ou não ser, eis é a questão! Que é mais nobre para o espírito sofrer os dardos e setas de uma ultrajante fado, ou tomar armas contra um mar de calamidades para por-lhes fim, resistindo? Morrer ... dormir; nada mais! E com o sono, dizem, terminamos o pesar do coração e os mil naturais conflitos que constituem a  herança da carne! Que fim poderia ser mais devotamente desejado? Morrer... dormir! Dormir! Talvez sonhar! Sim, eis aí a dificuldade! Porque é forçoso que nos detenhamos a considerar que sonhos possam sobrevir durante o sono da morte, quando nos tenhamos libertado do torvelinho da vida. Aí está a reflexão que torna uma calamidade a vida assim tão longa. HAMLET - III Ato, William Shakespeare. Peça registrada em 1602. Tradução F. Carlos de Almeida Cunha Medeiros e Oscar Mendes.

 

“De todos os problemas visivelmente insolúveis da humanidade, um continuou sendo o mais intrigante, interessante e importante: o problema da morte. Antes do fim da era moderna, a maioria das religiões e ideologias aceitava que a morte era nosso destino inevitável. (...) Para os homens da ciência a morte não é um destino inevitável, mas meramente um problema técnico. As pessoas morrem não porque os deuses decretaram, mas em decorrência de uma serie de falhas técnicas: um ataque do coração, um câncer, uma infecção. (...) Agora, no entanto, estamos em ponto em que podemos ser francos a esse respeito. O principal projeto da Revolução Científica é dar à humanidade a vida eterna. (...) Especialistas em nanotecnologia estão desenvolvendo um sistema imunológico biônico composto de milhões de nanorobôs, que habitariam nossos corpos, abririam vasos sanguíneos obstruídos, combateriam vírus e bactérias, eliminariam células cancerosas e até mesmo reverteriam processos de envelhecimento. Alguns pesquisadores sérios sugerem que, por volta de 2050, alguns humanos terão se tornado amortais (não imortais, mas amortais, o que significaria que, na ausência de um trauma fatal, suas vidas poderiam ser indefinidamente estendidas).” Projeto Gilgamesh, in SAPIENS ‒ Uma breve história da Humanidade, Yuval Harari, Porto Alegre: L&PM, 2015.

Fotos  Hilda Araújo: Cemitério da Consolação, 2018, e Cemitério do Araçá, 2020. 

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