Eu teria lido o livro num único dia, uma prosa coloquial que se tem em ambientes aconchegantes onde as lembranças de outras pessoas se acomodam às nossas e despertam aqui e ali fatos aninhados num baú invisível e precioso. Lembranças alheias que nos enriquecem; entretanto, resolvi estender o prazer desse livro a mais um dia. Assim, terminei ontem de ler “Vida e Morte e outros detalhes”, o livro mais recente do professor Boris Fausto (Companhia das Letras, 2021). Muitos personagens já conhecia desde “Negócios e Ócios” (1997) em que ele narra a saga familiar, mas desta vez o professor traz reminiscências, fatos corriqueiros que marcam a vida de todos nós ‒ como os adágios com que a tia arrematava conversas, a briga de turcos ou visitas ao cemitério, a sensação de que o tempo não passa durante o período de isolamento social, mas como não poderia deixar de ser o historiador acaba aflorando em alguns capítulos.
O livro é resultado da experiência do isolamento
quando, trancado em casa, as lembranças familiares fizeram-lhe companhia e a
morte fulminante do irmão o levou a refletir sobre vida e morte. O livro,
entretanto, não é triste, muitas histórias revelam bom humor. Enfim, aguardo
novo livro do professor Boris Fausto para se juntar a “Revolução de 1930”, “O
Crime do Restaurante Chinês” e “O Crime da Galeria Cristal”. Li outros
emprestados da BMA.
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