domingo, 16 de janeiro de 2022

"POSTAL DO BIXIGA"

 



POSTAL DO BIXIGA
 
Amaryllis Schloenbach

Do alto da escadaria

uma paisagem bizarra

se desnuda ante meus olhos.

Reflexo de meu fascínio

pelo bairro que tanto amo,

de onde retiro alimento

para os sonhos que sustento.

Como poeta solitária,

em um mundo tão povoado,

os fantasmas do passado

acalento entre meus braços.

Bixiga tradicional,

Por contraste, de vanguarda.

região de tantas luzes

e de sons alucinados.

De pureza e sedução,

de extravagantes pecados,

prostitutas, travestis,

parzinhos apaixonados.

De casais bem comportados,

de motéis sempre lotados.

De prédios ensolarados,

de becos, vilas, malocas,

de malandragens, macumbas,

de entusiastas do sambam

de paulistas de costado,

de imigrantes arraigados,

De pizza, macarronada,

de vinhos, queijos, salames,

de um chopinho bem gelado.

De feiras, festas e crimes.

teatros, bares, cantinas,

buzinas, vaga ocupada,

guarda-carros e ambulantes.

Da Aquiropita famosa,

de campanários e de fé.

Da via expressa, da pressa,

dos passeios demorados.

De encontros despreocupados,

de luar, de serenata,

de meus antigos cismares,

de meus projetos futuros,

Do meu fervor, do meu pranto,

do meu gáudio, do meu riso,

Bixiga do meu encanto!




Foto 1: H. Araújo, 6 de janeiro de 2016.

Foto2: H. Araújo, 25 de maio de 2019.

4 comentários:

Nilton Tuna disse...

Beleza!

Hilda Araújo disse...

Olá, Nilton. Gostei do poema, embora não conheça a poeta. Achei numa livro sobre São Paulo. Um abraço.

Amaryllis disse...

Gratidão por divulgar meu poema em seu interessante Blog, um excelente refúgio cultural para esses dias tão conturbados! Paz Profunda! Amaryllis

Hilda Araújo disse...

Seu poema, Amaryllis, traça um retrato encantador do bairro e revela todo o carinho que você tem por ele. Obrigada a você pela visita e pelo comentário. Paz para você também.