Do alto da escadaria
uma paisagem bizarra
se desnuda ante meus olhos.
Reflexo de meu fascínio
pelo bairro que tanto amo,
de onde retiro alimento
para os sonhos que sustento.
Como poeta solitária,
em um mundo tão povoado,
os fantasmas do passado
acalento entre meus braços.
Bixiga tradicional,
Por contraste, de vanguarda.
região de tantas luzes
e de sons alucinados.
De pureza e sedução,
de extravagantes pecados,
prostitutas, travestis,
parzinhos apaixonados.
De casais bem comportados,
de motéis sempre lotados.
De prédios ensolarados,
de becos, vilas, malocas,
de malandragens, macumbas,
de entusiastas do sambam
de paulistas de costado,
de imigrantes arraigados,
De pizza, macarronada,
de vinhos, queijos, salames,
de um chopinho bem gelado.
De feiras, festas e crimes.
teatros, bares, cantinas,
buzinas, vaga ocupada,
guarda-carros e ambulantes.
Da Aquiropita famosa,
de campanários e de fé.
Da via expressa, da pressa,
dos passeios demorados.
De encontros despreocupados,
de luar, de serenata,
de meus antigos cismares,
de meus projetos futuros,
Do meu fervor, do meu pranto,
do meu gáudio, do meu riso,
Bixiga do meu encanto!
Foto 1: H. Araújo, 6 de janeiro de 2016.
Foto2: H. Araújo, 25 de maio de 2019.
4 comentários:
Beleza!
Olá, Nilton. Gostei do poema, embora não conheça a poeta. Achei numa livro sobre São Paulo. Um abraço.
Gratidão por divulgar meu poema em seu interessante Blog, um excelente refúgio cultural para esses dias tão conturbados! Paz Profunda! Amaryllis
Seu poema, Amaryllis, traça um retrato encantador do bairro e revela todo o carinho que você tem por ele. Obrigada a você pela visita e pelo comentário. Paz para você também.
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