quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

SOBRE ELEFANTES, PREGUIÇAS E OUTROS BICHOS

Ele é novinho e está correndo do jeito que toda criança corre depois de uns dias de chuva presa em casa. A mãe, grandalhona e de maus bofes, segue atrás da filha e ameaça a parentalha que tenta se aproximar da pequena, que continua o passeio muito feliz da vida. Na verdade, trata-se de um rinoceronte e sua cria de algumas semanas, esta sendo apresentada pela mãe à manada de um zoológico americano. O conceito de zoológico mudou muito. Atualmente, sem jaulas, eles dedicam-se à educação ambiental, preservação de espécies ameaçadas e prestando cuidados médicos a animais doentes ou maltratados pelos “racionais”. Os bichos vivem em espaços amplos onde se reproduzem os habitat de cada um.

Os animais que serão reintroduzidos na natureza têm tratamento diferenciado: não ganham nomes nem têm um contato mais estreito com os tratadores. Os que ficam para reprodução e programas educacionais às vezes participam de projetos de pesquisa. Um desses projetos tentou saber se os elefantes podem agir em parceria. Os pesquisadores usaram uma prancha sobre rodas com uma corda de cada lado e sobre ela duas vasilhas com comida. O cenário consistia em uma cerca com dois elefantes de idades e tamanhos diferentes de um lado e do outro a prancha com a comida. As cordas ficariam próximas à cerca, mas do lado da prancha. Como agiriam os elefantes? E para surpresa geral, esticaram a tromba, apanharam a corda e a puxaram juntos, o que lhes deu direito à recompensa ‒ a comida nas vasilhas. A “brincadeira” foi repetida dez vezes e só não conseguiram uma ou duas vezes e assim mesmo porque o maior não tinha a rapidez do menor.

Animais em cativeiro vivem muito mais e por isso acabam desenvolvendo várias doenças geriátricas. Caso de um simpático elefante idoso que passou a sofrer de artrite nas pernas. O tratamento incluiu caminhadas, exercícios e acupuntura. Muito comportado, ele se encostava na parede e a técnica subia numa escada para aplicar as agulhas. Ele se mostrou um ótimo paciente. Durante os procedimentos saboreava uma porção de frutas ‒ as preferidas dele.

Na verdade, todo treinamento dos animais é feito na base da recompensa: comida.  Alguns até se apaixonam por seus tratadores, caso de um pinguim e de um flamingo.

Gomez, por exemplo, teve dois problemas de saúde e foi levado ao veterinário. Aliás, a bicharada não gosta muito dessas visitas. Gomez, entretanto, não demonstrou muita rebeldia. Gomez é uma linda arara-canindé, que comeu frutas durante toda a reportagem. Foi transportado pelo tratador ao centro médico em um poleiro. Muito bem comportado. O veterinário sedou a ave, a examinou, fez o diagnóstico e passou o receituário para o tratador. Gomez ficou ótimo.

Lorenzo, por sua vez, está sendo preparado para um encontro às escuras. Os tratadores torcem para que tudo dê certo. Lorenzo é um bicho preguiça e a candidata ao casamento (por assim dizer) é Chloe. No primeiro dia, muito salamaleque de ambas as partes, mas parece que simpatizaram um com o outro e no dia seguinte já tomaram o café da manhã juntos. Não sei se o namoro deu certo, mas parecia bem encaminhado. Claro que nenhum dos dois tinha pressa alguma.

JOTALHÃO, o elefante verde, garoto propaganda de extrato de tomate.
(Acho que  com a idade mudou de cor.)


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