Triângulo.
Há navios de vela para os meus naufrágios!
E os cantares da uiara rua de São Bento...
Entre estas duas ondas plúmbeas de casas plúmbeas,
as minhas delícias das asfixias da alma!
Há leilão. Há feira de carnes brancas. Pobres arrozais!
Pobres brisas sem pelúcias lisas a alisar!
A cainçalha... A Bolsa... As jogatinas...
Não tenho navios de vela para mais naufrágios!
Faltam-me as forças! Falta-me o ar!
Mas qual! Não há sequer um porto morto!
“Can you dance the tarantella” — “Ach! Ya”.
São as califómias duma vida milionária
numa cidade arlequinal...
O Clube Comercial... A Padaria Espiritual...
Mas a desilusão dos sombrais amorosos
põe majoration temporaire, 100% nt!...
Minha Loucura, acalma-te!
Veste o water-proof dos tambéns!
Nem chegarás tão cedo
à fábrica de tecidos dos teus êxtases:
telefone: Além, 3991...
Entre estas duas ondas plúmbeas de casas plúmbeas,
vê, lá nos muito-ao-longes do horizonte,
a sua chaminé de céu azul!
Mario de Andrade, "Pauliceia Desvairada".
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