terça-feira, 18 de janeiro de 2022

PAULO BOMFIM

 SONETO XIII

Paulo Bomfim (1926-2019)


Ruas morrendo em mim subitamente.
Calçadas vêm descendo o meu destino,
Com casas onde sinto que termino
Na chuva dos beirais de antigamente.

Passos pisam de leve minha mente.
Alma das tardes longas, voz de sino
Entre lajes de sol onde germino
Dos gritos silenciosos da semente.

Ruas morrendo em mim, cheias de infância.
Árvores mortas com raízes na alma,
Deitando folhas verdes na distância...

E, à noite, este infinito que ainda medra:
A voz dos passos numa esquina calma,
A serenata nos violões de pedra.

 

Rua São Bento a.P. Foto: 2014.

O poeta paulistano Paulo Bomfim recebeu em 1947 o Prêmio “Olavo Bilac” da Academia Brasileira de Letras pelo seu primeiro livro “Antônio Triste”, publicado no ano anterior. Bomfim foi jornalista e começou  no Correio Paulistano em 1945 a convite de Assis Chateaubriand. Foi membro da Academia Paulista de Letras.

Rua Três Rios, Bom Retiro, 2014.

Foto Paulo Bomfim: Wikipedia, autor não identificado.

Nenhum comentário: