SONETO XIII
Paulo Bomfim (1926-2019)
Ruas morrendo em mim subitamente.
Calçadas vêm descendo o meu destino,
Com casas onde sinto que termino
Na chuva dos beirais de antigamente.
Passos pisam de leve minha mente.
Alma das tardes longas, voz de sino
Entre lajes de sol onde germino
Dos gritos silenciosos da semente.
Ruas morrendo em mim, cheias de infância.
Árvores mortas com raízes na alma,
Deitando folhas verdes na distância...
E, à noite, este infinito que ainda medra:
A voz dos passos numa esquina calma,
A serenata nos violões de pedra.
O poeta paulistano Paulo Bomfim recebeu em
1947 o Prêmio “Olavo Bilac” da Academia Brasileira de Letras pelo seu primeiro
livro “Antônio Triste”, publicado no
ano anterior. Bomfim foi jornalista e começou
no Correio Paulistano em 1945 a convite de Assis Chateaubriand. Foi
membro da Academia Paulista de Letras.
Foto Paulo Bomfim: Wikipedia, autor não identificado.
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