Foi
lançada em junho deste ano a edição fac-similar de O Sacy, de Monteiro Lobato
(1882-1948), livro publicado em 1921 e que hoje é uma raridade. A
publicação dessa obra renovadora de Lobato inaugura o catálogo da Editora
Graphien, criada especialmente para esse fim pelo bibliófilo Magno Silveira,
editor e designer de São José dos Campos (SP). A edição tem artigos
inéditos de Marisa Lajolo, Vladimir Sacchetta e Cilza Carla Bignotto.
estudiosos da obra de Monteiro Lobato.
O Estado de São Paulo e a própria cidade de São Paulo – tão
cosmopolita – comemoram em 31 de outubro o Dia do Saci, assim como São José do
Rio Preto e Vitória do Espírito Santo. Quem é o Saci? Um garotinho brasileiro negro
com nome indígena e tem uma perna só, mas como é travesso, fuma cachimbo e usa
uma carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de aparecer e
desaparecer onde quiser e pregar peças nas pessoas. Dependendo da região do
Brasil, a lenda varia assim como o nome: Saci-Cererê, Saci-Trique, Saçurá,
Mati-taperê, Matiaperê, Matim Pererê, Matintaperera, Capetinha da Mão Furada
etc. Conta-se também que ele costuma se transformar em passarinho como o
Mati-taperê ou Sem-fim – conhecido no Nordeste como Peitica. Nas palavras de
Monteiro Lobato: “O saci é um diabinho de uma perna só que anda solto pelo
mundo, armando reinações de toda sorte e atropelando quanta criatura existe.
Traz sempre na boca um pitinho aceso, e na cabeça uma carapuça vermelha. A
força dele está na carapuça, como a força de Sansão estava nos cabelos”. Ele
conta que o Saci faz tantas reinações quanto pode: “azeda o leite, quebra
pontas das agulhas, esconde as tesourinhas de unha, embaraça os novelos de
linha, faz o dedal das costureiras cair nos buracos, bota moscas na sopa,
queima o feijão que está no fogo, gora os ovos das ninhadas. Quando encontra um
prego, vira ele de ponta pra riba para que espete o pé do primeiro que passa.
Tudo que numa casa acontece de ruim é sempre arte do saci. Não contente com
isso, também atormenta os cachorros, atropela as galinhas e persegue os cavalos
no pasto, chupando o sangue deles. O saci não faz maldade grande, mas não há
maldade pequenina que não faça”. O relato faz parte do livro “O Saci”, em que o
autor envolve Pedrinho, Narizinho e Emília em aventuras com vários personagens
do folclore brasileiro, como a Cuca, o Boitatá e até a Iara.
O Saci é defendido, ardorosamente, pela
Sociedade dos Observadores de Saci (SOSACI) de São Luis de Paraitinga, no
interior de São Paulo, e que vem conquistando um número crescente de fãs. Há
até uma Associação Nacional dos Criadores de Saci – ANCS, cuja sede era em
Botucatu, e um dos membros, o sr. Edson Wagner, é de Porangaba (SP).
Eu não crio Sacy, mas gosto muito dele, apesar de frequentemente sumir com objetos aqui em casa.
(O Sacy da ilustração é do Ziraldo.)
Quanto a Bruxas, há apenas três de que
gosto muito, todas do estúdio Walt Disney: a malvada da Bela Adormecida e as
atrapalhadas Madame Min e Maga Patalógica.
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