Nunca houve um casamento tão feliz quanto o do cinema com a dança, que começou com a sonorização das películas, serviu de escape durante o período da grande recessão dos anos trinta e da II Guerra; terminando junto com a era dos grandes estúdios. Houve reconciliações esporádicas, com algumas obras muito boas, como O BAILE, de Ettore Scola (1931-2016).
O
BAILE
Neste filme, Ettore Scola relata 40 anos marcantes da
história da França e, por extensão, do mundo, usando a dança como expressão.
Dessa forma ele consegue fazer um filme musical e de forte conteúdo político:
as relações entre os diversos personagens que vão dançar são marcadas pelos
debates ideológicos das épocas retratadas no filme, como o fascismo dos anos trinta
do século passado; o racismo que marcou a convivência entre franceses e
argelinos durante a guerra de libertação da Argélia (1962); a manifestação dos
estudantes em 1968. Tudo isso sem nenhum diálogo.
“Nestes tempos em que todo mundo fala demais, em que rádios e
televisões nos tonteiam com suas conversas ininterruptas, achei que era
necessário provar o quanto a palavra é inútil. A música, os gestos, o olhar, a
maneira de se vestir e de dançar são muito mais eloquentes que qualquer
discurso.
“A dificuldade é que não estamos mais acostumados a valorizar esses
sinais, a prestar atenção aos outros e nos embriagamos com frases feitas,
esquecendo que o subentendido tem mais valor do que tudo o que foi dito porque
exige disponibilidade e inteligência” – Ettore Scola.
O roteiro, assinado por Ruggero Maccari, Jean Claude Penchenat e
Furio Scarpelli, é baseado no espetáculo Le Bal do Theathre du Campagnol, inspirado em uma ideia de Jean
Claude Penchenat.
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