Encontrar
um galo guardando uma calçada na Liberdade trouxe-me lembranças da infância em
Santos, assim como o cheiro de pão que acabou de sair do forno me lembrou a padaria
Cirilo. Às vezes, quando chove, emana dos jardins um odor de terra que me remete
a outras paragens; como aquela cantiga que alguém assobiava me levou à era de
ouro do rádio. Há um porém nessa viagem a outros tempos: a poluição das grandes
cidades aos poucos vai eliminando esses pequenos prazeres das caminhadas, que acabam também por avivar nossas memórias olfativas e as auditivas. O assunto me
ocorreu quando percebi que estava, sem dúvida, na quadra mais perfumada de São
Paulo formada pelas ruas Tabatinguera, Anita Garibaldi, Carmo e a Silveira Martins,
na Sé. O motivo é bem simples: nesse trecho concentram-se lojas de essências que
espalham seus perfumes democraticamente pelo entorno que, infelizmente, nem é limpo.
A ironia é que a pequena rua das Flores, espremida entre elas, não tem perfume nem poesia... De
Santos, sinto falta da maresia.
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