sábado, 25 de novembro de 2023

VERDE E OCRE: COMBINAÇÃO PERFEITA

 


Se a Praça Jemaa el Fna não tem árvores, não faltam espaços verdes em Marraquexe. Nas praças, os bancos à sombra de árvores frondosas estão sempre ocupados e há sempre alguém rondando à espera de um lugar para descansar e se abrigar do sol. Às vezes, o cansaço vence...

Jacques Majorelle criou um tom de azul que recebeu seu nome.

Uma das principais atrações de Marraquexe é o Jardin Majorelle, uma herança do estilista francês Yves Saint Laurent (1936-2008) e seu sócio Pierre Bergé (1930-2017), mas foi criado por outro francês, o pintor Jacques Majorelle (1886-1962) em 1924, mas só começou a funcionar em 1947. Após um período de abandono, foi comprado e restaurado pelo Saint Laurent e Bergé.  Além da cafeteria e da loja, o espaço dispõe de um Museu de Arte Marroquina. Foto feita na viagem de 2010.

O Jardim de Menara é tão antigo quando Marraquexe: começou a ser formado por volta de 1.130 pelo califa* Almumine, nas proximidades da cordilheira do Alto Atlas, a partir de um olival, de hortas e pomares. Para irrigação das plantações ganhou um lago artificial cuja água é trazida das montanhas por meio de um antigo sistema de canais subterrâneos. Ali, teria sido lugar de pouso de viajantes que chegavam do deserto. No século XVI, o espaço ganhou um pavilhão, que se tornou um lugar de lazer dos sultões. Atualmente, pode- se descansar às margens do lago, comer um lanche e dar migalhas para carpas enquanto se observa o olival – afinal as oliveiras são árvores muito especiais não apenas pela produção de azeitona e azeite, mas por estarem ligadas à história, religião e cultura de muitos povos. 

O Complexo de Artesanato merece uma visita para se admirar o trabalho de ótima qualidade dos artesãos marroquinos – em alguns espaços até observá-los trabalhando. Especial atenção para tapetes e objetos de couro (sapatos, bolsas, cintos, jaquetas etc.). A cerâmica encanta os olhos, assim como a joalheria. O prédio em que funciona o complexo tem atrações especiais – como portas de madeira entalhada ou a beleza da decoração de azulejos. No final da visita, um café num pátio gracioso.





O Museu do Patrimônio Imaterial Jamaa El-Fna, instalado na antiga sede do banco Al Maghrib, inaugurado em fevereiro deste ano, foi “concebido como uma extensão do coração pulsante da cidade ocre” – Marraquexe. O visitante percorre a história da cidade e da praça e conhece também seus personagens e a manifestação de sua cultura. Uma delas é o halqa – uma versão de rua do teatro de arena grego pelo que entendi. O público forma uma roda na praça no centro da qual os artistas se apresentam. Conceito associado à cultura marroquina de música, dança, canto e contação de histórias. No espaço das artes plásticas, há pinturas dos principais artistas marroquinos, como Jacques Majorelle (1886-1962) e Abbes Saçado (1950-1992).




Fotos: Hilda Araújo.

*Califa título do chefe de estado de uma comunidade muçulmana.

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