Nessas férias, observei turistas idosos de todas as
partes do mundo flanando felizes pelas ruas de Lisboa. Todos muito à vontade: chapéu
ou boné, tênis ou sandália, bermudas ou calças leves e coloridas, camiseta.
Mochila ou pochete, mas sempre com uma garrafa de água. Notei a ausência da
velha máquina fotográfica, mas percebi que os celulares serviam de apoio ao
percurso desejado.
Eu
era um desses turistas, apenas sozinha. Nada de excursões. Adoro minha
companhia. Mas como dizia, os velhinhos seguiam o guia, rodeavam monumentos, subiam
e desciam escadas, passeavam de tuk-tuk, enfrentavam filas quilométricas para visitar
um castelo ou um museu ou embarcar num elevador; aproveitavam um descuido para
experimentar um banco no caminho e se fartavam à boa mesa portuguesa. Casais de
longa data – aqueles tradicionais – e outros moderninhos, ou descolados como
diz a garotada; casais em que o marido tenta esconder a idade com tintura nos
cabelos, enquanto a esposa bem mais jovem caminha vaidosa ao lado do seu homem –
pelo menos, como diria Erasmo Carlos, “se livrou da fera da solidão”.
Uma
coisa não muda: parece que os homens, independente do passaporte que tenham,
não são fãs de fazer compras. Quantas e quantas vezes vi dois ou três senhores
postados à porta de lojas conversando animadamente, enquanto suas respectivas
esposas faziam compras.
Pode
ser que no hotel, à noite, todos se encharcassem de pomadas anti-inflamatórias
ou contra reumatismo, tomassem uma dose de analgésico ou, os mais felizes, fizessem
uns alongamentos para enfrentar a rodada do dia seguinte.
Importante
que todos tenham se divertido, guardado um pouco de dinheiro e ânimo para uma
nova viagem. Foi então que me lembrei: no aeroporto de Viracopos em São Paulo e
no de Lisboa para meu segundo destino, a fila preferencial no portão de
embarque era enorme! Em 2022, o total de pessoas com 65 anos
ou mais no Brasil era de 22.169.101; no mundo, no mesmo período, os idosos representavam
13,9% do total da população.
Um comentário:
Agora com calma li tudo e como sempre gostei dos relatos,acho que eu estaria no grupo pois não tenho mais coragem de viajar sózinhA
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