segunda-feira, 13 de novembro de 2023

ARQUIVO X

 



“Arquivo X” (1993-2002) foi uma série americana que fez muito sucesso, ganhou prêmios e tem fãs até hoje no mundo todo. Vi alguns episódios na época e não gostei. Não simpatizei com os atores – David Duchovny e Gillian Anderson–, e achei as histórias pouco convincentes. Ontem, deparei com a série no Prime e resolvi dar uma espiada. Nada mudou para mim. Parece que os extraterrestres só se manifestam à noite e adoram florestas. Assisti com má vontade a dois episódios, mas lembrei que talvez haja uma explicação para eu não gostar da série. Voltemos à infância em Santos. 

Anos 1950. Minha família era muito religiosa. Nossa casa tinha muitas imagens de santos e entre eles minha avó acrescentara gravuras de Izildinha, Maria Goretti e Antoninho da Rocha Marmo, santos populares não reconhecidos pela igreja. Nunca dei muita importância ao quadro do menino que ficava pendurado numa parede do meu quarto, meio escondido por uma estante. Um dia a situação mudou. Devia ter uns dez anos porque já sabia ler, quando a revista O CRUZEIRO começou a publicar uma série de reportagens sobre o aparecimento de discos voadores na Califórnia. Os entrevistados eram pessoas que tinham tido contato com os extraterrestres; havia até relatos de viagens em discos voadores. As histórias eram fascinantes, a curiosidade superava o medo dessas pessoas estranhas que vinham do espaço e apareciam em qualquer lugar (na verdade só no Monte Palomar); porém, ao ver a foto de um ET, que um entrevistado “conseguira”, fiquei aterrorizada. Ele era igualzinho ao Antoninho. Corri para minha avó e reivindiquei a retirada do quadro do meu quarto e expliquei o motivo. Ela não se convenceu. Disse que era bobagem. “Antoninho da Rocha Marmo é um santo, não é de outro planeta. Você anda lendo muita bobagem” – garantiu vovó, que sempre me incentivou a ler e nunca censurou nada. Levou algum tempo para eu superar o medo. Abandonei as leituras sobre discos voadores, mas o quadro permaneceu lá até o dia em que nos mudamos para outra casa. Vovó estava certa. Era pura bobagem.

Esqueci do fato até que vi o nome dele entre os personagens mais visitados do cemitério da Consolação e soube que tramita na igreja um processo de canonização de Antoninho da Rocha Marmo. Em São José dos Campos há um hospital Antoninho da Rocha Marmo, inaugurado há 70 anos.

Meu problema com extraterrestres começaram um pouco antes. Eu devia ter uns seis ou sete anos, quando minhas tias me levaram para assistir ao filme “O Dia em que a Terra parou” (1951). Evidentemente, não tinha idade para entender que o mundo mergulhara na guerra fria e o filme tinha uma mensagem pacifista. Aquela espaçonave e o robô me apavoraram. E o filme de ficção científica se tornou meu primeiro filme de terror, mas não tire conclusões precipitadas. Se alguém perguntar qual o melhor filme a que assisti até hoje, não tenho dúvida: “2001 – uma odisseia no espaço” (1968), de Kubrick.
Durante a pandemia resolvi assistir (acho que a primeira vez não valeu) a “O Dia em que a Terra parou”, de 1951, e gostei bastante. 

 



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