quarta-feira, 22 de novembro de 2023

CAMINHAR EM MARRAQUEXE

 Conhecida como “cidade vermelha” porque todas as construções têm a mesma cor de terracota, Marraquexe conquista o visitante à primeira vista. Estive lá em 2010 e retornei porque um dia é muito pouco para desfrutar da cidade, do povo, da comida, do artesanato e da paisagem... E desta vez (sem saber) escolhi um hotel em plena Almedina ou Medina, em árabe significa a cidade antiga, que em nada se parece com as cidades antigas europeias. Imagine um grande labirinto de ruas estreitas com lojas de todos os tipos e fervilhando de pessoas comprando, vendendo, passeando, observando, conversando, trabalhando à porta dos estabelecimentos. Como não há espaço para carros, é preciso estar atento às bicicletas e motos velozes e, às vezes, até burros carregados de mercadorias.  

            Com pouco mais de 800 mil moradores, Marraquexe é também uma cidade caminhável. Sempre é bom sair sem destino. Por uma questão de conveniência, começo pela Praça Jemaa el Fna – o coração da cidade, Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco. O nome, me explicam, pode ter duas interpretações: a primeira – “lugar da mesquita desaparecida”, referindo-se a uma a mesquita do tempo da dinastia berbere (1040-1147) que foi destruída; a segunda – “assembleia dos mortos”, pois era naquele espaço que os criminosos eram executados e onde suas cabeças ficavam expostas. Histórias do passado e, possivelmente, as duas estejam certas, pois a mesquita Cutubia (Koutoubya), com o minarete de 69 metros de altura, data de 1147. É o maior prédio da cidade e domina a praça imensa.

            Durante o dia há de tudo na Jemaa el Fna: encantadores de serpentes – os ofídios ficam acomodados em cestinhos entre uma apresentação e outra; macacos adestrados, músicos locais (as apresentações ocorrem apenas quando o curioso se aproxima) e vendedores ambulantes. Nas barracas de toldos azuis vendem-se frutas, comida, roupas, sapatos, artesanato, objetos de decoração etc.; entretanto, é à noite que ela se transforma em um imenso restaurante ao ar livre onde se reúnem os locais e os turistas para degustar as delicias marroquinas. É bom lembrar que muçulmanos não tomam bebidas alcoólicas. Apenas alguns restaurantes têm licença para vender bebidas alcoólica.

         

A mesquita Koutoubya.


A Praça Jemaa el Fna ao meio dia.


O contemporâneo e o tradicional – Ao fundo são vistas duas mulheres, uma pilotando moto de vestido, turbante e salto alto, enquanto a outra usa o véu, a túnica e sob ela a calça larga. Sob os guarda-sóis, os encantadores de serpentes.


Para quem gosta de passeio de charrete há uma praça lotada de veículos enfeitados à espera de turistas.  

Em meio a um jardim está a tumba branquinha de Fátima Zohra, que teria sido filha de um rei (xeque) do século XVIII; conta a lenda que ela assumia a forma de uma pomba, fazia milagres e as mães costumavam levar as filhas para serem abençoadas. 

Fotos: Hilda Araújo.

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