Mercados são essenciais
na vida das cidades e quem quiser conhecer melhor o povo que vive nelas precisa
visitar esse milenar ponto de encontro das pessoas. O que comem, como negociam,
como se relacionam, as barganhas, as medidas de peso, as prosas... Os mercados
são as feiras tradicionais modernizadas, cobertas e mais confortáveis. Têm mais graça que supermercados, sempre impessoais. Tudo acontece
nos mercados e feiras. Em Lisboa há o Mercado da Ribeira, que visitei anos
atrás e não tinha muita diferença dos mercados brasileiros. Fica no Cais do
Sodré – um lugar muito frequentado pela população que ali pega metrô – em
Portugal é “métro” –, trem e barca no Terminal Fluvial. Ônibus e bondes
(elétricos) não faltam, mas vou a pé desfrutando da beleza do velho rio,
aproveitando o sol e, no caminho, observando as pessoas e as gaivotas
simpáticas.
Aprendo
que em frente ao cais do Sodré fica o cais das Pombas e um pouco mais adiante o
cais do Gás (soa bem estranho o nome). As pombas continuam por lá. Uma das
atrações das ruas portuguesas são os nomes. Que tal a rua da Cintura do Porto
de Lisboa? (Pode ser a parte média ou circular em torno de algo.) Se você saiu
do metrô, logo verá dois belos prédios: um é o da empresa de gás e outro, do
Mercado da Ribeira. É só atravessar a avenida Ribeira das Naus. Encha os olhos
com um e o estômago com o outro. Em caso de dúvida no prédio do terminal há um
escritório de turismo que fornece todas as informações locais e da cidade em
geral.
Não lembrava muito bem do mercado, por onde passei rapidamente anos atrás, mas com certeza mudou muito. E faz um enorme sucesso, graças à
inovação realizada em 2014, quando se instalaram numa área de 3 mil metros
quadrados 30 restaurantes, que oferecem uma enorme variedade de pratos, tanto
da culinária portuguesa, como também hamburgueres, sushis, pasta e sopas entre
outras opções. Nada de luxo: a freguesia faz seu pedido, paga e leva o prato e
a bebida para mesas coletivas e sentam em um dos 500 banquinhos em torno de
mesas na área coberta. Há mais 250 na esplanada. Difícil encontrar
um lugar...
Se for no final da tarde e tempo estiver bom, vale aproveitar
para assistir ao pôr do sol à beira do Tejo.
“Cais do Sodré” é o tema da
composição de Eduardo
Olímpio e Paco Bandeira, gravada em 1996 pelo fadista Rodrigo, como é conhecido
Rodrigo Ferreira Inácio (1941).
O Cais do Sodré
não é
Só bares de prostitutas
Também é gente a alombar
Caixas de peixe e de frutas
Não é só a mão que passa na
Candonga do Japão
Também é cais onde embarca
Quem busca no mar o pão
Ai, Cais do Sodré
Mais vale parecer
Que ser o que é
Ai Cais do Sodré
Ai Cais do Sodré
Nem todo o sapato
Te serve no pé
O Cais do Sodré não
é
Só rusga que vai e vem
Também é gente que mora
Num lar que há muito ali tem
Gente com filhos, mulher e a
Renda da casa em dia
Gente que apenas trabalha e
No trabalho confia
O Cais do Sodré,
não é
Só refúgio de falsários
Também são altos guindastes
Movidos pelos operários
Não é só a mão que passa na
Candonga do Japão
Também é cais onde embarca
Quem busca no mar, o pão.
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