quinta-feira, 2 de novembro de 2023

CAIS DO SODRÉ

Mercados são essenciais na vida das cidades e quem quiser conhecer melhor o povo que vive nelas precisa visitar esse milenar ponto de encontro das pessoas. O que comem, como negociam, como se relacionam, as barganhas, as medidas de peso, as prosas... Os mercados são as feiras tradicionais modernizadas, cobertas e mais confortáveis. Têm mais graça que supermercados, sempre impessoais. Tudo acontece nos mercados e feiras. Em Lisboa há o Mercado da Ribeira, que visitei anos atrás e não tinha muita diferença dos mercados brasileiros. Fica no Cais do Sodré – um lugar muito frequentado pela população que ali pega metrô – em Portugal é “métro” –, trem e barca no Terminal Fluvial. Ônibus e bondes (elétricos) não faltam, mas vou a pé desfrutando da beleza do velho rio, aproveitando o sol e, no caminho, observando as pessoas e as gaivotas simpáticas.

            Aprendo que em frente ao cais do Sodré fica o cais das Pombas e um pouco mais adiante o cais do Gás (soa bem estranho o nome). As pombas continuam por lá. Uma das atrações das ruas portuguesas são os nomes. Que tal a rua da Cintura do Porto de Lisboa? (Pode ser a parte média ou circular em torno de algo.) Se você saiu do metrô, logo verá dois belos prédios: um é o da empresa de gás e outro, do Mercado da Ribeira. É só atravessar a avenida Ribeira das Naus. Encha os olhos com um e o estômago com o outro. Em caso de dúvida no prédio do terminal há um escritório de turismo que fornece todas as informações locais e da cidade em geral.

            Não lembrava muito bem do mercado, por onde passei rapidamente anos atrás, mas com certeza mudou muito. E faz um enorme sucesso, graças à inovação realizada em 2014, quando se instalaram numa área de 3 mil metros quadrados 30 restaurantes, que oferecem uma enorme variedade de pratos, tanto da culinária portuguesa, como também hamburgueres, sushis, pasta e sopas entre outras opções. Nada de luxo: a freguesia faz seu pedido, paga e leva o prato e a bebida para mesas coletivas e sentam em um dos 500 banquinhos em torno de mesas na área coberta. Há mais 250 na esplanada. Difícil encontrar um lugar...

            Se for no final da tarde e tempo estiver bom, vale aproveitar para assistir ao pôr do sol à beira do Tejo.









“Cais do Sodré” é o tema da composição de Eduardo Olímpio e Paco Bandeira, gravada em 1996 pelo fadista Rodrigo, como é conhecido Rodrigo Ferreira Inácio (1941).

O Cais do Sodré não é
Só bares de prostitutas
Também é gente a alombar
Caixas de peixe e de frutas
Não é só a mão que passa na
Candonga do Japão
Também é cais onde embarca
Quem busca no mar o pão

Ai, Cais do Sodré
Mais vale parecer
Que ser o que é
Ai Cais do Sodré
Ai Cais do Sodré
Nem todo o sapato
Te serve no pé

O Cais do Sodré não é
Só rusga que vai e vem
Também é gente que mora
Num lar que há muito ali tem
Gente com filhos, mulher e a
Renda da casa em dia
Gente que apenas trabalha e
No trabalho confia

O Cais do Sodré, não é
Só refúgio de falsários
Também são altos guindastes
Movidos pelos operários
Não é só a mão que passa na
Candonga do Japão
Também é cais onde embarca
Quem busca no mar, o pão.

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