As
calçadas, que já foram território seguro dos pedestres, hoje são terra de ninguém.
Na soleira, antes de sair, olhe para os dois lados como se estivesse junto ao
meio-fio. Nunca se sabe. Uma bicicleta apressada, um entregador de moto em
busca de um endereço; ou um skatista esperto. Até um buraco novo, aberto pela
chuva ou desgaste por uso indevido. Há, entretanto, outro tipo de perigo para
os pedestres. Ontem pela manhã caminhava para a entrada da estação Ana Rosa,
onde um rapaz consultava algo no celular. De repente, um ciclista, indo na
mesma direção, quase esbarrou em mim, mas o que me surpreendeu mesmo foi a
naturalidade com que ele tomou o celular da mão do rapaz, que ficou um segundo
parado antes de correr em direção ao ladrão, que deixou a calçada e se perdeu
em meio ao trânsito. A vítima logo desistiu da perseguição. Inútil de todo
jeito. Andou em direção ao ponto do ônibus, e, desconsolado, apoiou a cabeça, numa
mureta... Fiquei pensando no prejuízo e domingo perdido fazendo BO para se prevenir contra
golpes, cancelar todos os apps que revelam sua vida... Descrição do ladrão de
bicicleta? Eu não vi o rosto dele, assim como o rapaz porque o ciclista sequer
diminuiu a marcha. O que eu lembro dele? Só que vestia azul.
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