Como
Jorge Ben Jor, eu também moro num país tropical, bonito por natureza e que em
fevereiro tem carnaval (de que não gosto). Tive um fusca com o qual vivi
grandes emoções e um cavaquinho, que nunca toquei, mas guardo com carinho. Jorge
Ben Jor também se queixava porque “chovia chuva” sem parar, mas nos últimos dias
quando ansiamos por chuva para amenizar a canícula que se abate sobre a cidade,
temos tempestades, felizmente, passageiras.
Aqui,
do sofá na minha sala deixo Gilberto Freyre de lado e observo a natureza
revoltada. De onde estou só vejo as copas da jaqueira, da mangueira e da sibipiruna
açuladas pela ventaria que também fustiga as vidraças das janelas. Os trovões
são sequenciais. Um verdadeiro festival. Qual o mais forte? A Defesa Civil
emite alerta. Ok. Fazer o quê? Manter o celular carregado para o caso de faltar
energia tem sido uma boa precaução, afinal, sempre é possível ouvir música ou
pesquisar alguma coisa enquanto se aguarda o restabelecimento do serviço. Ou usar
a lanterna para iluminar nossos passos. Que aparelhinho maluco! Que diria Graham
Bell se soubesse que o seu invento se tornaria um aparelho de mil e uma utilidades?
Do telefone fixo à manivela, que exigia uma telefonista para fazer as ligações
a um aparelho de bolso, que é ainda máquina fotográfica, telégrafo sem fio, rádio,
televisão, espelho, banco e muito mais funções que ignoro... Tudo em tempo
real. Bell morreu há pouco mais de cem anos...
Volto
à leitura.
Não
demora muito e percebo que já não há energia... Acho que são umas três horas da
tarde e fico imaginando quanto tempo teremos de esperar. Como somos dependentes
dela! A geladeira e os equipamentos da cozinha (cafeteira, bebedouro,
micro-ondas etc.), a ventilação, os elevadores... E pensar que nossos
antepassados precisavam apenas de velas e lamparinas, lenha ou carvão e um bom
par de pernas...
A
ventania amainou, mas a chuva continua torrencial. Imagino a enxurrada descendo
em direção ao Parque da Aclimação. Freire é sempre uma ótima companhia e
continuo a leitura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário