quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

AS CHUVAS DE FEVEREIRO



Como Jorge Ben Jor, eu também moro num país tropical, bonito por natureza e que em fevereiro tem carnaval (de que não gosto). Tive um fusca com o qual vivi grandes emoções e um cavaquinho, que nunca toquei, mas guardo com carinho. Jorge Ben Jor também se queixava porque “chovia chuva” sem parar, mas nos últimos dias quando ansiamos por chuva para amenizar a canícula que se abate sobre a cidade, temos tempestades, felizmente, passageiras.

Aqui, do sofá na minha sala deixo Gilberto Freyre de lado e observo a natureza revoltada. De onde estou só vejo as copas da jaqueira, da mangueira e da sibipiruna açuladas pela ventaria que também fustiga as vidraças das janelas. Os trovões são sequenciais. Um verdadeiro festival. Qual o mais forte? A Defesa Civil emite alerta. Ok. Fazer o quê? Manter o celular carregado para o caso de faltar energia tem sido uma boa precaução, afinal, sempre é possível ouvir música ou pesquisar alguma coisa enquanto se aguarda o restabelecimento do serviço. Ou usar a lanterna para iluminar nossos passos. Que aparelhinho maluco! Que diria Graham Bell se soubesse que o seu invento se tornaria um aparelho de mil e uma utilidades? Do telefone fixo à manivela, que exigia uma telefonista para fazer as ligações a um aparelho de bolso, que é ainda máquina fotográfica, telégrafo sem fio, rádio, televisão, espelho, banco e muito mais funções que ignoro... Tudo em tempo real. Bell morreu há pouco mais de cem anos...

Volto à leitura.

Não demora muito e percebo que já não há energia... Acho que são umas três horas da tarde e fico imaginando quanto tempo teremos de esperar. Como somos dependentes dela! A geladeira e os equipamentos da cozinha (cafeteira, bebedouro, micro-ondas etc.), a ventilação, os elevadores... E pensar que nossos antepassados precisavam apenas de velas e lamparinas, lenha ou carvão e um bom par de pernas...

A ventania amainou, mas a chuva continua torrencial. Imagino a enxurrada descendo em direção ao Parque da Aclimação. Freire é sempre uma ótima companhia e continuo a leitura.


Nenhum comentário: