PARIS – Num domingo de
1934 em, Claude Lévi-Strauss foi consultado por um professor sobre o possível
interesse dele por Etnologia que o informou da existência de uma vaga para
lecionar no Brasil numa nova universidade. Sim, o jovem Lévi-Strauss tinha grande
interesse pela matéria, quanto à mudança para o Brasil, ele tinha apenas duas
horas para decidir. Felizmente, o jovem professor aceitou o desafio. Em 4 fevereiro
de 1935, ele embarcou com a esposa Dina no navio misto de passageiros e carga Mendoza
com destino ao Brasil. Com eles também viajaram os colegas Jean Maugüe (filósofo)
e Pierre Hourcade (literatura francesa) que se juntariam aos outros membros da
chamada “missão francesa” da Universidade de São Paulo, que já se encontravam
em São Paulo.
A viagem é
demorada porque o navio faz diversas escalas antes de atravessar o Atlântico. A
primeira parada é no Rio de Janeiro, depois Santos onde são recebidos por Júlio
de Mesquita Filho, proprietário do jornal O ESTADO DE S. PAULO, imprensa e
fotógrafos. O grupo sobre a Serra do Mar – um impacto belamente narrado
posteriormente por Lévi-Strauss – e em São Paulo é recebido pelo interventor
Armando de Salles Oliveira e instalado no Hotel Terminus (R. Brigadeiro Tobias, 576).
Um detalhe: era Carnaval,
que em 1935 foi de 3 a 5 de março. E Lévi-Strauss escreveu:
“Na mesma noite,
saímos em exploração pela cidade. num bairro popular, uma casa baixa com
janelas verdes emitia uma música tonitruante e viam-se pessoas dançando. Nos aproximamos.
Um negro que vigiava a porta disse que podíamos entrar, mas para dançar, não para
olhar. Dançamos então com aplicação, mas receio que sem a menor habilidade e
causando bastante embaraço às mulheres negras que, numa total indiferença,
aceitavam nossos convites.”
Desfile de
blocos carnavalescos na rua Brigadeiro Galvão registrado por Claude
Lévi-Strauss. (Acervo IMS/Divulgação)
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