domingo, 16 de fevereiro de 2025

O CARNAVAL DE LÉVI-STRAUSS

 

PARIS – Num domingo de 1934 em, Claude Lévi-Strauss foi consultado por um professor sobre o possível interesse dele por Etnologia que o informou da existência de uma vaga para lecionar no Brasil numa nova universidade. Sim, o jovem Lévi-Strauss tinha grande interesse pela matéria, quanto à mudança para o Brasil, ele tinha apenas duas horas para decidir. Felizmente, o jovem professor aceitou o desafio. Em 4 fevereiro de 1935, ele embarcou com a esposa Dina no navio misto de passageiros e carga Mendoza com destino ao Brasil. Com eles também viajaram os colegas Jean Maugüe (filósofo) e Pierre Hourcade (literatura francesa) que se juntariam aos outros membros da chamada “missão francesa” da Universidade de São Paulo, que já se encontravam em São Paulo. 

A viagem é demorada porque o navio faz diversas escalas antes de atravessar o Atlântico. A primeira parada é no Rio de Janeiro, depois Santos onde são recebidos por Júlio de Mesquita Filho, proprietário do jornal O ESTADO DE S. PAULO, imprensa e fotógrafos. O grupo sobre a Serra do Mar – um impacto belamente narrado posteriormente por Lévi-Strauss – e em São Paulo é recebido pelo interventor Armando de Salles Oliveira e instalado no Hotel Terminus (R. Brigadeiro Tobias, 576).

Um detalhe: era Carnaval, que em 1935 foi de 3 a 5 de março.  E Lévi-Strauss escreveu:

“Na mesma noite, saímos em exploração pela cidade. num bairro popular, uma casa baixa com janelas verdes emitia uma música tonitruante e viam-se pessoas dançando. Nos aproximamos. Um negro que vigiava a porta disse que podíamos entrar, mas para dançar, não para olhar. Dançamos então com aplicação, mas receio que sem a menor habilidade e causando bastante embaraço às mulheres negras que, numa total indiferença, aceitavam nossos convites.”

Desfile de blocos carnavalescos na rua Brigadeiro Galvão registrado por Claude Lévi-Strauss. (Acervo IMS/Divulgação)

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