Os trabalhadores da prefeitura estavam junto à entrada da passagem subterrânea da Praça do Patriarca para o Vale do Anhangabaú batendo papo no tempo que sobra do almoço. Começo a descer a escadaria e eles me indicam a escada rolante ao lado. “Preciso fazer exercício”, explico. Pela expressão de seus rostos, devem ter me achado excêntrica. A galeria está impecavelmente limpa – o mármore que a reveste brilha. As Graças, de Victor Brecheret, continuam em seus postos; em outro nicho, uma cópia do Moisés de Michelangelo (que está San Pietro in Vincoli, Roma) feita no Liceu de Artes e Ofícios. Há também um busto do pintor Almeida Junior. A galeria foi inaugurada em 1940, na gestão do prefeito Prestes Maia (1938-1945), que encomendou as esculturas. O que destoa é o enorme relógio na parede a que faltam os ponteiros, mas funciona como um enfeite dourado.
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Saio
no Vale, que na última reforma foi recoberto de cimento. Uma paisagem inóspita.
Há poucas pessoas, algumas sentadas nos bancos laterais à sombra, porque é
quase meio-dia e o sol, naturalmente, já esquentou o cimento aumentando a
sensação de calor. De repente começa a jorrar água das fontes: um homem corre com
seu cãozinho e aproveita para dar banho no animal, que parece não gostar da
ideia, enquanto do outro lado um pai se diverte com o filho sob o olhar atento
da mãe, que preferiu ficar à distância, mas encoraja os dois porque os
esguichos duram pouco.
Continuo em direção à estação São Bento. Em poucos minutos o chão está seco. A praça Giuseppe Verdi não existe mais e a escultura em homenagem ao compositor italiano desapareceu. Onde estará? Uma questão para a próxima semana, já que a IA do Google não anda atualizada. Hora de voltar para a Aclimação...
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