GUILHERME DE ALMEIDA
“Carnaval em São Paulo é sinônimo de chuva” – escrevia o poeta Guilherme de Almeida (1890-1969) na sua crônica no DIÁRIO NACIONAL de 18 de fevereiro de 1928, sábado de Carnaval. “E mascarado é sinônimo de capa de borracha, galochas, guarda-chuva, escafandro, etc.” É da crônica dele de domingo que quero exaltar.“Estes três dias de alegria me fazem triste,
fazem lembrar o colégio. O colégio interno.
Nos colégios internos há sempre uma campainha
onipotente e eterna, que como Deus, cria e dirige a vida. A campainha toca pela
manhã: é hora da gente não ter mais sono. Toca para a oração: é hora da gente
ter fé. Toca para o estudo: é hora da gente ficar inteligente. Toca para o
almoço: é hora da gente ter fome... E assim por diante. E a gente, quer queira
quer não, vai na onda: deixa de ter sono, fica piedoso, inteligente, faminto.
O carnaval é assim. Tocou a campainha do
recreio: é hora da gente ficar alegre e brincar. É do regulamento. É preciso.
São ordens. Senão... Senão vai de castigo! [...]”
O
poeta, coberto de razão. Eu não estudei em colégio interno, mas nunca entendi
essa coisa de ter três dias para dançar e cantar freneticamente só porque está
no calendário ...
Nenhum comentário:
Postar um comentário