A
Cruz Vermelha Brasileira completa hoje 108 anos de existência. Com sede no Rio
de Janeiro, ela tem 23 filiais estaduais e conta com o apoio de quinze mil voluntários
em todo o país, trabalhando para prestar assistência humanitária às pessoas afetadas por
desastres naturais, conflitos e violência armada. O
primeiro presidente da organização foi o sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917). A
primeira filial foi a de São Paulo fundada pela médica e pedagoga belga Maria Rennotte (1850-1942) em
1912. A prioridade dela foi a construção do Hospital para Crianças em Indianópolis, inaugurado
em 1919.
Imparcialidade,
neutralidade e independência garantem ao Comitê internacional da Cruz
Vermelha (CICV) respeito em todo o mundo. Entidade sem fins lucrativos, ela
atua independentemente de interesses de governos, empresas ou organizações,
prestando socorro e assistência a vítimas de guerras e catástrofes naturais. No
decorrer de 153 anos de história, conta apenas a defesa da vida, sem
discriminação de etnia ou nacionalidade.
Em
1859, quando a Itália lutava para expulsar os austríacos de seu território, o
negociante suíço Henry Dunant visitou a frente de batalha em Solferino e
ficou impressionado com o sofrimento dos soldados feridos em combate. Além das
dificuldades de atendimento, por falta de médicos, equipamentos e medicamentos,
eram atendidos primeiramente os oficiais e, se desse, os soldados dos exércitos
nacionais, enquanto os militares inimigos agonizavam abandonados no campo de
batalha.
A
experiência marcou profundamente Dunant, que escreveu o livro Lembrança de Solferino (1862), sugerindo a criação de grupos nacionais de ajuda
a feridos em situações de guerra e propondo a criação de uma organização
internacional para melhorar as condições de vida e prestar auxílio às vitimas
de guerra. Em 1863, ele participou da Comissão da Société Genevoise d'Utilité
Publique para análise da viabilidade da proposta que resultou na
fundação da Cruz Vermelha Internacional, reconhecida pela Convenção de Genebra,
no ano seguinte.
A
cruz vermelha sobre fundo branco, símbolo da entidade, é a forma invertida da
bandeira suíça, maneira encontrada para homenagear o país que apoiou a criação
da instituição. Nos países muçulmanos, é usado o Crescente Vermelho para o
serviço médico voluntário.
Como
tem sido praticamente impossível livrar o mundo das guerras, a Cruz Vermelha
veio colocar limites na forma como a guerra é conduzida e no comportamento dos
combatentes. Ela deu origem ao Direito Internacional Humanitário, fundamentado
nas Convenções de Genebra, que ao longo do século XX foram aprimorando a
atuação da entidade.
Para
proteger a vida e a dignidade das vítimas da guerra e de situações de violência
interna, a Cruz Vermelha dialoga com todas as partes; visita e cadastra
prisioneiros de guerra (para evitar desaparecimentos). Os países signatários da
Convenção de Genebra que violarem o acordo podem ser processados pela Corte
Internacional de Justiça/ Tribunal Internacional de Justiça ou Corte Penal
Internacional / Tribunal Internacional.
Em
tempos de paz, a Cruz Vermelha ajuda vítimas de catástrofes e desastres
naturais e promove ações sociais de saúde e educação. O Comitê Nobel
Norueguês atribuiu o primeiro prêmio Nobel da Paz a Jean Henri Dunant,
idealizador da Cruz Vermelha, e ao pacifista Frédéric Passy em 1901. A entidade
recebeu três prêmios Nobel da Paz: 1917, 1944, 1963.
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