Posso passar
horas em um bom sebo. Especialmente, naqueles em que os proprietários não são
meros comerciantes, mas pessoas apaixonadas por livros, que falam de suas
descobertas e indicam raridades. Mas este foi um achado pessoal. Lá estava ele,
amarelinho, manuseado e carregado de preciosidades sobre o tango. O autor é
Jorge Omar Llanir, escritor, teatrólogo e novelista argentino, que se radicou
no Brasil em 1969 – primeiro no Rio de Janeiro, depois em São Paulo, onde se
credenciou no Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no
Estado de São Paulo, com o número 14.444 – conforme ele cita na orelha do livro HISTORIA
Y... DICHOS DEL TANGO (sem dados sobre a publicação).
J.C. Castagnino |
Basta uma folheada para descobrir um pouco da história do tango, – as
lendas em torno dessa música que incendeia a imaginação das plateias e fascina
o mundo –, e das pessoas que lhe deram vida, inclusive Paquita Bernardo
(1900-1925), a primeira intérprete feminina de bandonéon. Ela se apresentou em vários salões até ser contratada em
1921 para participar de um sexteto que incluía Osvaldo Pugliese (piano), Elvino
Vardaro (violino), Vicente Loduca (flauta), Alcides Palavecino (violino) e o
irmão Alcides Bernardo (bateria). Paquita compôs cerca de quinze músicas entre
as quais “La Enmascarada”, que
recebeu letra de Francisco García Jiménez e foi gravada por Carlos Gardel. Ela
morreu de tuberculose ou, como se dizia na época, resfriado mal curado, antes
de completar 25 anos.
Osvaldo Pugliese (1905-1995) e Enrique Santos Discepolo (1901-1951) são alguns
dos grandes nomes do tango, mas a inovação do ritmo foi obra de Astor Piazzolla
(1921-1992), criando evidentemente muita polêmica entre os tradicionalistas até
se consagrar internacionalmente.
Charles Romuald Gardès ou Carlos Gardel, entretanto, continua sendo a
lenda do tango e como toda lenda sua vida é revestida de mistério – a origem, a
nacionalidade, a vida e a morte trágica em acidente de avião na Colômbia aos 44
anos em 24 de junho de 1935. Nesse curto período gravou cerca 900 músicas – de
tangos a fados, fox-trots e pasodobles. O corpo de Gardel está
enterrado no Cemitério de La Chacarita (Rua 33) e se tornou um ponto turístico
de Bueno Aires. Os fãs continuam a visitar o túmulo e a colocar um cigarro
aceso entre os dedos da estátua de bronze em tamanho natural que lá se
encontra.
Há um brasileiro entre os grandes nomes do tango – Alfredo Le Pera
(1900-1935), que foi amigo e parceiro de Gardel. Le Pera nasceu no Bexiga em
São Paulo, mas viveu na Argentina, onde trabalhou como jornalista; foi poeta,
compositor e crítico de teatro. São de sua autoria, entre muitos outros, os
tangos “El día que me quieras”, “Por una cabeza” e “Mi Buenos Aires querido”. Morreu no acidente
de avião com Gardel.
Domingo é o Dia Internacional do Tango. Um ótimo lugar para dançar (e aprender a dançar) em São Paulo: Tango B'Aires: Rua Amâncio de Carvalho. 23 - Vila Mariana.
Ilustração: obra do colombiano Fernando Botero (1932).
Ilustração: obra do colombiano Fernando Botero (1932).
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