segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

RIOS INESQUECÍVEIS


(ERRATA)
         Os rios são essenciais para o desenvolvimento humano. Selecionei alguns textos de autores famosos (alguns pouco conhecidos) para as fotos que fiz de alguns rios importantes que conheci em minhas viagens ao longo dos anos. Infelizmente, perdi praticamente todas as fotos do rio Amazonas, mas achei uma do rio Madeira (por sinal, bem ruim). 

AMAZONAS, PÁTRIA DA ÁGUA.
Thiago de Mello (1926)


A lei do rio não cessa de impor-se sobre a vida 
           dos homens. É o império da água. Água que corre
           no furor da correnteza, água que leva, água que
           lava (...). As águas barrentas do Solimões, do
           Madeira, águas do Juruá, do Purus. As azuis do
           Tocantins, as verdes do Tapajós, do Xingu. As águas
           negras de todas as cores do rio Andira, rio da 
           minha infância.
           O rio diz para o Homem o que ele deve fazer.
           E o homem segue a ordem do rio. Se não,
           sucumbe.
Rio Madeira, Rondônia. Imediações do antigo presídio da Ilha de Santo Antônio.






















NILO
"O rio Nilo nasce em regiões onde a memória reside apenas na tradição para morrer na região da memória mais monumental." Lotfallah Soliman (1918)

Numa falua do rio Nilo em fim de tarde, 2011.
TÂMISA
Londres, 2015.

"Doce Tâmisa, corre
manso, até eu concluir
Meu canto."
Edmund Spencer (1552-1599)

RENO

Encontro dos rios Reno e Mosela, Koblenz, Alemanha, 2008.


"Era a voz do mais nobre dos rios,
esse que nasce livre, esse Reno,
que ébrio ainda de viagens e esperanças
lá em cima deu adeus a seus irmãos
(o Ticino e o Ródano),
quando para a Ásia, impaciente,
arrastava-o seu ânimo de rei."
Friedrich Hölderlin (1770-1843)
TEJO
Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622)
Lisboa, 2010.
SONETO
Formoso Tejo meu, quão diferente 
Te vejo e vi, me vês agora e viste:
Turvo te vejo a ti, tu a mi triste,
Claro te vi eu já, tu a mim contente.

A ti foi-te trocando a grossa enchente
A quem teu largo campo não resiste;
A mim trocou-me a vista em que consiste
Meu viver contente ou descontente.

Já que somos no mal participantes,

Sejamo-lo no bem. Oh, quem me dera
Que fôramos em tudo semelhantes!

Lá virá então a fresca. Primavera
Tu tornaras a ser quem eras dantes,
Eu não sei se serei quem dantes era. 

SENA
Guillaume Apollinaire (1880-1918)
Paris, a torre Eiffel e o Sena, 2008.

"Finalmente te cansaste deste mundo antigo 
Pastora ó torre Eiffel o rebanho de pontes bale esta manhã

Já viveste demais na Antiguidade dos gregos e romanos."


(Tradução: Daniel Fresnot (Alcoóis e outros poemas, Apollinaire. São Paulo, Martin Claret, 2005.)













GUADALQUIVIR
Antonio Machado (1875-1939)
Guadalquivir, Sevilha, 2010.
Oh Guadalquivir!
Te vi em Cazorla nascer;
Hoje, em Sanlúcar morrer.

Um borbulhar de água clara,
Sob um pinheiro bem verde,
Eras tu, e como soavas!

Como eu, perto do mar,
Rio de barro salobre,
Sonhas com tua nascente?





TIBRE
Ovídio (43 a.C-c. 18 d.C)
Tibre, 2011.


Continua. 


"Gracioso arvoredo que sombreia a planície por onde o Tibre, imponente,
 ondeando vai para o mar e ainda,aplana, enquanto corre, a campina caprichosa."

Um comentário:

jose carlos disse...


Alô Hilda,

Que maravilhoso ver essas fotos dos rios que um dia passaram em sua vida, ainda mais com um relato iconográfico desse porte.

Um grande abraço