O OUTRO SABUGOSA
Quem não conhece o visconde
de Sabugosa, aquele personagem sábio do Sítio do Pica-pau Amarelo, da obra de
Monteiro Lobato? Houve, entretanto, outro Sabugosa que em sua passagem pelo
Brasil deixou um registro de protesto. Vasco Fernandes César de Meneses,
primeiro conde de Sabugosa, (1673-1741), foi vice-rei do Brasil, nomeado em
1720 quando veio para a Bahia.
Por essa época
surgiam pela Europa academias, que abriam espaço para literatos, incentivavam
discussões e estudos científicos. Em Portugal criaram-se duas e uma delas, a Academia
de História, tinha representantes de todas as colônias, com exceção do Brasil. Vasco Fernandes César de Meneses considerou
importante reunir o conhecimento sobre a história do Brasil e decidiu criar uma
academia, aproveitando a oportunidade para dar uma alfinetada na Academia de
História Portuguesa. Assim, em abril de 1724 fundou-se a Academia Brasílica dos
Esquecidos. Os letrados não se fizeram de rogados e acorreram à nova
instituição que, entretanto, durou pouco. Foram 18 reuniões agitadas e com poesias,
discursos e escritos sobre “a história política, natural e eclesiástica do
Brasil”. Entretanto, no dia 4 de
fevereiro de 1725 a Academia dos Esquecidos encerrou as atividades, mas sua
curta existência não foi em vão, pois incentivou a criação de outras entidades literárias
na colônia.
Um exemplo da produção da Academia dos Esquecidos é
a poesia de Anastácio Ayres Penhafiel - aliás, bem moderninha:
Labirinto cúbico
INUTROQUECESAR
NINUTROQUECESA
UNINUTROQUECES
TUNINUTROQUECE
RTUNINUTROQUEC
ORTUNINUTROQUE
QORTUNINUTROQU
UQORTUNINUTROQ
EUQORTUNINUTRO
CEUQORTUNINUTR
ECEUQORTUNINUT
SECEUQORTUNINU
ASECEUQORTUNIN
RASECEUQORTUNI
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