O IMPÉRIO DA FOTOGRAFIA
Florença, 2012. Essa escultura me emociona de várias formas. |
Em outros tempos a nobreza europeia descobriu os pintores que contratavam
para retratá-los. Guardar a imagem para a posteridade era privilégio de poucos,
embora muitos artistas tenham registrado o cotidiano das cidades e aldeias do
velho continente – bem pouco sabemos sobre eles; enquanto isso os pintores
viajantes registravam paisagens e povos de localidades por onde passavam, o que
nos permite conhecer rostos populares e imaginar suas histórias.
Sir Brooke Boothby (1781), obra de Joseph Wright (1734-1797). |
Foto de família em estúdio, final século XIX. |
Por muito tempo ainda a máquina fotográfica esteve fora do alcance da
maioria das pessoas, porém sempre era possível juntar um dinheiro para contratar
um fotógrafo para retratar a família, o casamento e até mesmo um morto querido
(algo mais comum do que se imagina). Logo surgem estúdios fotográficos mundo
afora. Geralmente, dispunham de um cenário para os clientes posarem*.
Após a II Guerra Mundial a fotografia tornou-se ainda mais popular graças
aos avanços tecnológicos das câmeras, que se tornaram mais leves e baratas, embora
as boas máquinas continuassem (como até hoje) fora do alcance da maioria das
bolsas e bolsos. Nesse panorama a câmera instantânea (Polaroid) comercializada a
partir de 1948 também teve grande participação.
Mas foi com a era digital que a fotografia praticamente se tornou acessível
a todas as faixas econômicas. Máquinas compactas, nada de filmes e revelações
(apenas se o fotografo quiser). Errou? Descarte sem prejuízo. Quando as câmeras
foram anexadas aos telefones celulares, o mundo então mudou mesmo. Sem ônus as
pessoas passaram a fotografar tudo e principalmente a si mesmas.
Publicação de abril de 1961. |
Recentemente, numa cidade do litoral paulista, o teto de um shopping começou a desabar e em vez de se protegerem muitas pessoas ficaram filmando e fotografando o acontecimento, que logo estava na internet. Repórteres fotográficos amadores abundam. A frase famosa de que uma imagem vale mil palavras desgastou-se. Vivemos a banalização da imagem. As palavras, por sua vez, têm encontrado dificuldades para se organizarem harmoniosamente.
Sem dúvida é um tempo para reflexões.
*O Museu Paulista da Universidade de São Paulo dispõe de um belo acervo
de fotos antigas.
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