Nos velhos tempos,
quando ainda se vivia em casas e as famílias criavam galinhas, patos e perus, e
a era dos frigoríficos ainda estava no início, não havia muitas dúvidas sobre o
que servir no Natal: o peru era o prato preferido, creio que para variar, pois
galinha era freguesa comum durante o ano.
Assim,
começava-se a cevar o peru bem antes das festas para que em dezembro ele
estivesse bem gordinho. Como diz o ditado: só peru morre na véspera. E a
ave era abatida logo cedo na véspera do Natal para que se começasse o processo
de tempero e o assado.
O
peru não é exatamente uma ave sortuda. Feioso, voz pouco criativa, ele é
proveniente de Yucatán (México). A ave desconhecida até então na Europa foi
identificada pelo suposto porto de origem da carga e dessa forma ganhou,
erroneamente, o nome de peru em Portugal e Espanha. Na Inglaterra, o peru foi
confundido com a galinha d’angola que era importada pela Turquia que a vendia
para outros países e
daí ter se tornado conhecido como turkey
coq.
Em
1621 o peru foi o prato principal da refeição preparada pelos colonos ingleses
em agradecimento pela boa colheita, entrando para o cardápio americano. Tudo
isso é história. Nos grandes centros urbanos, pode ser o centro de mesa das
ceias de fim de ano, mas a maioria das crianças nunca viu um peru vivo.
Nem
todos gostam da carne do peru. Os portugueses sempre apreciaram a carne de
porco que até hoje faz parte das festas de fim de ano. “Não há alimento mais
elogiado nem material que forneça maior número de pratos. O porco faz a festa.
Porco do Natal” – diz Luiz Câmara Cascudo. O folclorista afirma que os nativos
do Brasil já saboreavam carne mal passada muito antes da chegada dos
portugueses e o famoso roast beef, que também frequenta ceias de fim de ano, por
aqui tem mais de 500 anos de tradição.
A Peixeira, 1672. Obra de Adrien van Ostade (1610-1685). Rijksmuseum, Amsterdã. |
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