O Natal foi comemorado pela primeira vez no ano 336. Alguns
reis foram coroados no dia 25 de dezembro: Carlos Magno em 800 e Guilherme, o
conquistador, em 1066. No Brasil, duas vilas foram fundadas nessa data: Natal
(RN) em 1599 e Belém (PA) em 1615.
No tempo de Shakespeare (1564-1616), para o Natal a corte tinha
uma programação especial de teatro com encenação de uma peça a cada dia. De
acordo com o relato de um embaixador francês em 1895, “eles começavam a dançar
na presença da rainha (Elizabeth), e a apresentar comédias, o que era feito no
grande salão de audiências, onde o trono da soberana era instalado, e comparecia
uma centena de senhores, muito bem ordenados, senhoras também, e a corte
inteira”. Especula-se que no Natal de 1598, a companhia de Shakespeare teria
apresentado "Henrique IV" – parte 2 e "Muito barulho por nada". (“1599 – Um ano na
vida de William Shakespeare”,
James Shapiro.)
No dia 25 de dezembro de 1641 nasceu
Isaac Newton (foto 1), físico e matemático inglês, que mudou a concepção do
mundo. No Natal de 1758, foi confirmado o retorno do cometa Halley ao sistema
solar. E por falar astros, um de outro tipo nasceu no dia 25 de dezembro de
1899: Humphrey Bogart (m.1957).
O norueguês Roald Amundsen (1872-1928), que liderou a
primeira expedição a atingir a Antártica em 14 de dezembro de 1911, passou o
Natal de 1897 em Lapataïa, no canal de Beagle. Ele era o segundo imediato do
barco Bélgica, comandado por
Adrien de Gerlache (foto), que tinha planos de ser o primeiro homem a invernar
na Antártica. No dia 25 de dezembro, de Gerlache deu livros de presente para os
oficiais e cientistas a bordo do Bélgica. O destino da expedição é outra história, que é contada no livro “O último
lugar da Terra – a competição entre Scott e Amundsen pela conquista do Polo Sul”, de Roland Huntford. Companhia Das Letras.
Em 1914, quando o Natal chegou, a Europa estava em guerra; entretanto, um
fato inusitado aconteceu nesse dia: os soldados da Frente Ocidental (alemães e
os Aliados franceses e britânicos) fizeram uma trégua informal nos campos de
Ypres (Bélgica) para comemoração dessa data. O filme “Joyeux Noël”, 2005, de Christian Carion, aborda o episódio histórico de forma
romântica. Belo filme.
Na II Guerra Mundial, os pracinhas brasileiros nos campos de batalha da
Itália passaram o Natal de 1944 longe da família, em meio a neve e lutando em
vários lugares. O médico paulista Massaki Udihara (1913-1981), que serviu como
primeiro tenente de Infantaria da Força Expedicionária Brasileira (FEB)
escreveu em seu diário no dia 25 de janeiro:
“Natal. Manhã fria.
Gelada, de céu coberto, mas assim mesmo clara. A neve continua cobrindo tudo,
apesar de ter cessado de nevar. Logo cedo chegaram os presentes da LBA (Legião
Brasileira de Assistência). Pacote com malha, sabonete e outros objetos de
primeira necessidade. Uma surpresa; não pensei que isso fosse acontecer. Não
espero nada deste dia. A noite passou sossegada sem qualquer ruído. Ao que
parece, resolveram respeitar o dia sem prévio acordo. Não houve nada. Tudo
sossegado demais e de despertar desconfiança. Os soldados aqui preparam um
almoço especial. Vieram me convidar para compartilhar dele. Admirei essa
vontade e disposição que não desaparece nessas mínimas coisas. É o espírito do
dia que querem conservar. E assim terão o seu momento de alegria e felicidade
no meio de todo esse sofrimento e provação.” (“Um médico brasileiro no front –
Diário de Massaki Udihara na II Guerra Mundial”. Imprensa Oficial.)
Joel Silveira, correspondente de guerra dos Diários
Associados, na Itália, escreveu: “ Não quero me prolongar muito a respeito, mas
quando o leitor souber que entre o dia 25 de dezembro ultimo e este 2 de
janeiro só me foi possível tomar um banho apressado e econômico, poderá por si
mesmo tirar outras conclusões a propósito da vida que levamos aqui”.(“O inverno
da Guerra – Jornalismo de Guerra.” Objetiva.)
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