Há mais de meio século o homem voava, mas nunca saíra do ninho. O avião
foi se aprimorando na primeira metade do século XX (especialmente em
decorrência das duas guerras mundiais e da guerra da Coreia) e se tornou um dos
meios de transporte mais seguros. Contudo, os desafios continuavam por causa da
Guerra Fria que impulsionava a corrida armamentista. Se dominamos os céus,
poderíamos ir mais longe e lá estava ela toda prateada enfeitando nossas
noites. Por que não?
A história da aviação contava com nomes como o alemão Manfred von Richthofen
(1892-1918) – o Barão Vermelho –; os franceses Antoine Saint -Exupéry (1900-1944) e Roland Garros (1888-1918), o
americano Charles Lindenberg (1902-1974) foram alguns dos pioneiros famosos por
sua intrepidez. Os três primeiros morreram em combate na I Guerra Mundial e
Lindenberg, que apoiou o nazismo, fez a primeira travessia aérea do Atlântico.
"Chuck'" Yeager. Foto: Wikipedia. |
O jornalista americano Tom Wolfe (1930-2018) escreveu a saga dos pilotos
de prova que tornaram possível a viagem à Lua. Homens que enfrentavam diariamente
a morte com fibra e nunca pronunciavam as palavras “morte, perigo, bravura,
medo”. Wolfe revela que em 1952, “sessenta e dois pilotos da força aérea morreram
nas trinta e seis semanas de treinamento”. E mais: “Esses números referiam-se
apenas aos pilotos de caça em treinamento; não incluíam os pilotos de prova
(...) que morriam com bastante regularidade”. As estatísticas da Marinha
mostravam que “um em cada quatro pilotos morria”.
Quando o presidente John Kennedy (1917-1963) lançou o desafio de colocar
o homem na Lua até o final da década de 1960, a Lua, que era dos poetas, agora
seria um alvo a 384.400 km de distância. Foi desse grupo de
homens que saíram Peter Conrad, Walter Schirra, Jim Lovell, Michael Collins, Gus
Grissom, Neil Armstrong, os homens escolhidos para o programa espacial
americano.
“Ícaro é o símbolo da temeridade,
da volúpia ‘das alturas’, em síntese: a personificação da megalomania.”
Afirmação do professor Junito de Souza Brandão em sua análise do mito no livro “Mitologia
Grega”. Algo que cabe como uma luva na personalidade dos eleitos, todos dotados
de um superego, essencial para voar sobre uma bomba em direção à Lua.
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