Lá está a Acrópole pairando sobre Atenas. Não há como resistir. Desde os
tempos imemoriais foi o ponto escolhido pelos os habitantes da região para
instalar a “cidade alta”, porque o morro é cercado de princípios – exceto do
lado Oeste, o que os protegia dos inimigos sem necessidade de construir
muralhas. A imponente colina ergue-se a
150 metros do nível do mar – não um mar qualquer, mas o Egeu. A base tem cerca
de 330 metros de comprimento e 270 metros de altura.
A Acrópole passou por diversas fases, entretanto, foi sob a administração
de Péricles (c.495 a. C. – 429 a. C) que ela floresceu graças aos seus planos grandiosos.
Péricles estimulou a arte e a literatura (era amigo de Sófocles e de
Anaxágoras). Ele sonhava que a cidade se tornasse tanto líder de uma
confederação pan-helênica como de um ideal de democracia, mas acima de tudo queria
que Atenas tivesse magníficos edifícios, templos, edifícios públicos e teatros.
As ruínas das edificações dão uma ideia do esplendor da cidade que ele se propôs
a construir.
Subir a encosta da colina não é desagradável, porque se encontram pessoas
de todas as nacionalidades aqui e ali. E, claro, sítios arqueológicos a cada
passo. Por assim dizer. O caminho não é muito íngreme. Numa curva hesita-se:
agora é direita ou esquerda, mas logo alguém informa a direção a seguir. Às
vezes as placas não têm seta e a informação para mim é grego. Nunca a expressão
serviu tão bem em várias situações.
A surpresa é quando chego à entrada da Acrópole. Uma multidão se prepara
para a visita. Ainda não é meio-dia, mas o sol queima. O calor é intenso. Não
gosto de fotografar gente. Encontro um lugar para observar os monumentos e as
pessoas enquanto espero uma oportunidade para as fotos. Se os monumentos são
deslumbrantes contra o céu azul – na verdade, as nuvens passeiam de um lado
para o outro e às vezes uma tênue névoa recobre a paisagem como vi tantas vezes
em Santos. Ah! As pessoas! Uma moça briga com o acompanhante; está com a
fisionomia transtornada, mas levanta o celular para a selfie, estampa um imenso sorriso e clica para a rede social, ou
seja lá o que for. Tempos em que até os sorrisos são falsos. Não foi a única
que vi em situações parecidas. Será que algum psicólogo já fez algum estudo a respeito?
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Nem precisaria de legenda: o Parthenon. |
Enfim, há uma pausa entre uma leva de visitantes e outra. Aproveito a
oportunidade que deve durar pouco. Se os romanos eram intrépidos, os gregos se
ocuparam de procurar respostas para os grandes problemas, observar o firmamento
e inventar coisas para facilitar a vida de todos. O parafuso de Arquimedes
(288-212 a. C.) está em uso até hoje. Criaram a porta automática há dois mil
anos (e nós encantados diante delas quando se abrem ao chegarmos!). Calcularam
a circunferência da Terra (chegando a um numero bem próximo do real) e até a
primeira máquina a vapor que só seria “reinventada” no século XIX! Nada escapou
a esse povo fantástico. Lisístrata (Aristófanes) foi feminista a seu modo. Que
seria de Freud sem Édipo (Sófocles)?
Gosto demais da mitologia grega – somente um povo muito criativo imagina o
Olimpo e todos aqueles deuses, heróis e semi-heróis. Mas chega de divagar tolamente.
Agora, é respirar fundo e começar a explorar este lugar cheio de História e histórias e desfrutar da paisagem.
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O Erechtheum/Ericteión, templo dedicado à Atena e Poseidon. |
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As belíssimas cariátides: esculturas de figuras femininas que servem de suporte para o entablamento.
Substituem as tradicionais colunas. O nome tem origem em Karyai, cidade do Peloponeso. |
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Templo de Atena Niké, uma joia arquitetônica da Antiguidade: ao fundo a cidade e o mar Egeu. |
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Através da Propylaia (portão monumental) que conduz ao Parthenon. |
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