terça-feira, 23 de julho de 2019

UM LUGAR MUITO ESPECIAL


Lá está a Acrópole pairando sobre Atenas. Não há como resistir. Desde os tempos imemoriais foi o ponto escolhido pelos os habitantes da região para instalar a “cidade alta”, porque o morro é cercado de princípios – exceto do lado Oeste, o que os protegia dos inimigos sem necessidade de construir muralhas.  A imponente colina ergue-se a 150 metros do nível do mar – não um mar qualquer, mas o Egeu. A base tem cerca de 330 metros de comprimento e 270 metros de altura.
A Acrópole passou por diversas fases, entretanto, foi sob a administração de Péricles (c.495 a. C. – 429 a. C) que ela floresceu graças aos seus planos grandiosos. Péricles estimulou a arte e a literatura (era amigo de Sófocles e de Anaxágoras). Ele sonhava que a cidade se tornasse tanto líder de uma confederação pan-helênica como de um ideal de democracia, mas acima de tudo queria que Atenas tivesse magníficos edifícios, templos, edifícios públicos e teatros. As ruínas das edificações dão uma ideia do esplendor da cidade que ele se propôs a construir.
Subir a encosta da colina não é desagradável, porque se encontram pessoas de todas as nacionalidades aqui e ali. E, claro, sítios arqueológicos a cada passo. Por assim dizer. O caminho não é muito íngreme. Numa curva hesita-se: agora é direita ou esquerda, mas logo alguém informa a direção a seguir. Às vezes as placas não têm seta e a informação para mim é grego. Nunca a expressão serviu tão bem em várias situações.


A surpresa é quando chego à entrada da Acrópole. Uma multidão se prepara para a visita. Ainda não é meio-dia, mas o sol queima. O calor é intenso. Não gosto de fotografar gente. Encontro um lugar para observar os monumentos e as pessoas enquanto espero uma oportunidade para as fotos. Se os monumentos são deslumbrantes contra o céu azul – na verdade, as nuvens passeiam de um lado para o outro e às vezes uma tênue névoa recobre a paisagem como vi tantas vezes em Santos. Ah! As pessoas! Uma moça briga com o acompanhante; está com a fisionomia transtornada, mas levanta o celular para a selfie, estampa um imenso sorriso e clica para a rede social, ou seja lá o que for. Tempos em que até os sorrisos são falsos. Não foi a única que vi em situações parecidas. Será que algum psicólogo já fez algum estudo a respeito?
Nem precisaria de legenda: o Parthenon.



Enfim, há uma pausa entre uma leva de visitantes e outra. Aproveito a oportunidade que deve durar pouco. Se os romanos eram intrépidos, os gregos se ocuparam de procurar respostas para os grandes problemas, observar o firmamento e inventar coisas para facilitar a vida de todos. O parafuso de Arquimedes (288-212 a. C.) está em uso até hoje. Criaram a porta automática há dois mil anos (e nós encantados diante delas quando se abrem ao chegarmos!). Calcularam a circunferência da Terra (chegando a um numero bem próximo do real) e até a primeira máquina a vapor que só seria “reinventada” no século XIX! Nada escapou a esse povo fantástico. Lisístrata (Aristófanes) foi feminista a seu modo. Que seria de Freud sem Édipo (Sófocles)?
Gosto demais da mitologia grega – somente um povo muito criativo imagina o Olimpo e todos aqueles deuses, heróis e semi-heróis. Mas chega de divagar tolamente. Agora, é respirar fundo e começar a explorar este lugar cheio de História e histórias e desfrutar da paisagem.  
O Erechtheum/Ericteión,  templo dedicado à Atena e Poseidon. 

As belíssimas cariátides: esculturas de figuras femininas que servem de suporte para o entablamento. 
Substituem as tradicionais colunas. O nome tem origem em Karyai, cidade do Peloponeso.

Templo de Atena Niké, uma joia arquitetônica da Antiguidade: ao fundo a cidade e o mar Egeu.

Através da Propylaia (portão monumental) que conduz ao Parthenon.

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