O interesse do santista pela aviação cresceu. Atravessar a vastidão do Atlântico era um ato tão ousado quanto o realizado pelos primeiros navegadores portugueses. O tráfego aéreo nas praias de Santos tornou-se constante porque a cidade era uma parada importante nos trajetos que começavam a ser explorados. Assim, não é de admirar que a população festejasse tanto esses pioneiros, que traziam o espírito de aventura para a cidade. Foi uma época em que a praia não estava nem para peixe nem para banhistas, no mar havia mais aviões pousando que vapores e veleiros navegando.
Em agosto de 1920, o aviador inglês John Pinder pousou em Santos, no percurso Rio de Janeiro-Porto Alegre. Pinder, que pilotava um hidroavião Macchi-9, estava acompanhado do segundo-tenente do Exército Brasileiro, Aliantar de Araújo Martins.
Na tarde do dia 13 de
setembro de 1922, o aviador do exército chileno, capitão Diego Aracena Aguilar,
que tentava levar a cabo o audacioso reide
Santiago – Rio de Janeiro, em homenagem ao Centenário da Independência do
Brasil, fez um pouso forçado nas imediações do Forte do Itaipu. Após ter sido
socorrido pelo comandante da fortaleza, que gentilmente lhe ofereceu gasolina,
o piloto chileno pôde chegar a Santos, de onde levantou voo no dia seguinte com
destino ao Rio de Janeiro.
A Esquadrilha Anhangá, da Aviação do Exército, que partiu do Campo
dos Afonsos, no Rio, no dia 21 de abril de 1923, com destino a São Paulo, passou por
Santos no regresso ao Rio de Janeiro no dia 7 de maio. No dia 23 do mesmo mês,
um avião Breguet 14, do Exército,
pilotado pelo primeiro-tenente Borges Leitão, pernoitou em nossa cidade,
rumando no dia seguinte para Curitiba.
Em 27 de fevereiro de 1927, o aviador italiano Marques De Pinedo,
que já havia feito travessia do Atlântico Sul três vezes, pousou em frente à Bocaina onde o seu hidroavião Santa Maria ficou amarrado. De
Pinedo – que se dirigia a Buenos Aires – foi recebido festivamente pelas
autoridades e pela população da cidade.
Os americanos apareceram por Santos. Após um voo de
contorno da costa das Américas Central e do Sul pelo Pacífico, a Esquadrilha
Pan-Americana ao retornar aos Estados Unidos pelo Atlântico, faz um pouso na
Base em março. A esquadrilha era formada por cinco aviões anfíbios Loening, do Exército Norte-Americano[1].
SAIAS VOADORAS
A manhã
chegava ao fim, quando um pequeno aeroplano riscou o céu, fez algumas
acrobacias e pousou na praia do Gonzaga. As pessoas aproximaram-se, curiosas e
entusiasmadas, para receber mais um visitante que desembarcava na praia como já
haviam feito antes outros pilotos.
A grande surpresa, no entanto, foi quando
viram que o piloto era mulher. A aviadora Anésia Pinheiro Machado, procedente
de São Paulo, trazia uma mensagem do jornal paulistano A GAZETA para a imprensa santista. Com este reide aéreo São Paulo-Santos, Anésia – que tinha 17 anos – bateu o recorde feminino
de altura na América do Sul, tendo atingido a marca de 4.124 metros de altitude
com o seu aparelho Aviatik!
Data: 18 de maio de 1922.
A
mensagem do jornal era bem ingênua.
“À
imprensa de Santos: Aos prezados colegas da imprensa de Santos, A Gazeta
envia, através dos ares e por intermédio da gentil aviadora patrícia Anésia
Pinheiro Machado, as suas saudações afetuosas. Nesse momento em que o espírito
público acompanha, com indizível interesse, as peripécias emocionantes de uma
ousada e brilhante iniciativa nos domínios da aviação, a proeza da sota
paulista deve merecer o nosso mais simpático e dedicado apoio. São Paulo, 17 de
maio de 1922. Oliveira Vianna e Miguel Arco e Flecha.”
A
pioneira da aviação brasileira (ela foi a segunda brasileira a pilotar um avião) era esperada pelas autoridades santistas que a
receberam carinhosamente. Em setembro de 1922, Anésia voou de
São Paulo para o Rio de Janeiro em um avião Caudron G.3 (foto), o mesmo que ela pilotara em seu primeiro voo solo, seis
meses antes.
Ela
voltaria a Santos em outras ocasiões. Em julho de 1924, durante a sedição
paulista, a
Marinha do Brasil movimentou a esquadra para o Porto de Santos, onde estacionou
durante quase todo o mês de julho daquele ano. A
população pôde observar uma das primeiras batalhas aeronavais da América do Sul
e o encouraçado MINAS GERAIS, atracado no porto, foi o alvo predileto dos
aviadores, segundo historiadores. Anésia Pinheiro Machado, que se alinhou com os tenentes, também realizou uma missão em Santos, no mínimo inusitada.
Depois de efetuar manobras sobre o encouraçado MINAS GERAIS, a aviadora lançou
um ramalhete de flores acompanhado de um cartão com mensagem: “Se fosse uma
bomba?”. Pela ação foi proibida pelas autoridades de voar.
Anos depois Anésia comentaria que “esse movimento (foi) mais uma grande página da história paulista. Claro que não bombardearia, por espírito patriótico, aquele vaso de guerra. Entretanto, se ali fiz isso, foi para demonstrar ao governo federal que São Paulo nada temia" O gesto feminino repercutiu em todo o País.
23 de outubro: Dia do Aviador e da Força Aérea Brasileira.
No dia 23 de outubro de 1906, Alberto Santos-Dumont realizou o primeiro voo com o seu 14-bis, no Campo de Bagatelle em Paris. Nesse dia ele, ele provou que um veículo mais pesado que o ar podia voar, percorrendo 60 metros em sete segundos a uma altura de dois metros do solo diante da Comissão Oficial do Aeroclube da França e uma plateia de mais de mil pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário