Gabrielle Bonheur Chanel (1883-1971), ou melhor, Coco Chanel como ficou
famosa e rica, foi pobre, trabalhou como cantora de cabaré, chapeleira e costureira
até se tornar a grande estilista internacional do século XX. Teve uma vida
amorosa intensa e variada. Chanel também ligou seu nome a perfumes. O
lançamento de 1921, entretanto, arrebatou o mundo feminino. Segundo a estilista
o descreveu ele é “um
perfume de mulher com cheiro de mulher”.Recebeu um nome
simples ‒ Chanel nº 5. A sofisticação estava na essência. Um século depois o
perfume ainda é o preferido das mulheres: em 2020 estava no topo dos dez
perfumes mais vendidos em todo mundo. O segundo e o sétimo lugares também têm
assinatura Chanel: Coco Mademoiselle, lançado em 2001 para jovens consumidoras,
e Chance, lançamento de 2002. O preço? É acessível a poucas. Infelizmente. Para acompanhar a fragrância do Chanel nº 5, o “Perfume Exótico”, de
Charles Baudelaire (1821-1867). Infelizmente, não achei o nome do tradutor.
Perfume exótico
Quando, cerrando os olhos, numa noite ardente,
Respiro a fundo o odor dos teus seios fogosos,
Vejo abrirem-se ao longe litorais radiosos
Tingidos por um sol monótono e dolente.
Uma ilha preguiçosa que nos traz à mente
Estranhas árvores e frutos saborosos;
Homens de corpos nus, esguios, vigorosos,
Mulheres cujo olhar faísca à nossa frente.
Guiado por teu perfume a tais paisagens belas,
Vejo um porto a ondular de mastros e de velas
Talvez exaustos de afrontar os vagalhões,
Enquanto o verde aroma dos tamarineiros,
Que à beira-mar circula e inunda-me os pulmões,
Confunde-se em minha alma à voz dos marinheiros.
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