terça-feira, 5 de outubro de 2021

UM PERFUME CENTENÁRIO. PARA POUCAS.

Gabrielle Bonheur Chanel (1883-1971), ou melhor, Coco Chanel como ficou famosa e rica, foi pobre, trabalhou como cantora de cabaré, chapeleira e costureira até se tornar a grande estilista internacional do século XX. Teve uma vida amorosa intensa e variada. Chanel também ligou seu nome a perfumes. O lançamento de 1921, entretanto, arrebatou o mundo feminino. Segundo a estilista o descreveu ele é “um perfume de mulher com cheiro de mulher”.Recebeu um nome simples ‒ Chanel nº 5. A sofisticação estava na essência. Um século depois o perfume ainda é o preferido das mulheres: em 2020 estava no topo dos dez perfumes mais vendidos em todo mundo. O segundo e o sétimo lugares também têm assinatura Chanel: Coco Mademoiselle, lançado em 2001 para jovens consumidoras, e Chance, lançamento de 2002. O preço? É acessível a poucas. Infelizmente. 

Para acompanhar a fragrância do Chanel nº 5, o “Perfume Exótico”, de Charles Baudelaire (1821-1867). Infelizmente, não achei o nome do tradutor.

 Perfume exótico

Quando, cerrando os olhos, numa noite ardente,
Respiro a fundo o odor dos teus seios fogosos,
Vejo abrirem-se ao longe litorais radiosos
Tingidos por um sol monótono e dolente.

Uma ilha preguiçosa que nos traz à mente
Estranhas árvores e frutos saborosos;
Homens de corpos nus, esguios, vigorosos,
Mulheres cujo olhar faísca à nossa frente.

Guiado por teu perfume a tais paisagens belas,
Vejo um porto a ondular de mastros e de velas
Talvez exaustos de afrontar os vagalhões,

Enquanto o verde aroma dos tamarineiros,
Que à beira-mar circula e inunda-me os pulmões,
Confunde-se em minha alma à voz dos marinheiros.

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