O sucesso de Santos Dumont com o 14 Bis em Paris em 23 de outubro de 1906 impulsionou a navegação aérea, que era ainda vista como um esporte para ricos. Os pioneiros da aviação eram considerados excêntricos. Eles compravam os aviões na Europa e tiravam o brevê na França, pois somente lá existiam cursos, que eram oferecidos pela Fédération Aéronautique Internacionale. Eduardo Pacheco Chaves (1887-1975) era filho de cafeicultores e se apaixonou pela aviação. Em 28 de julho de 1911, conseguiu o brevê voando num pequeno Blériot, de 25HP. Ficou internacionalmente famoso por causa de suas façanhas aéreas na Europa.
Em 1912, o governo paulista instituiu um prêmio de 30 mil réis
para o primeiro piloto que fizesse o voo São Paulo – Santos – São Paulo. A
quantia polpuda, na época, atraiu atenção de pilotos internacionais como Roland Garros
(1888-1918). Eduardo Pacheco Chaves, mais conhecido como Edu Chaves, também se
interessou.
De volta da Europa, Edu Chaves desembarcou no Porto de Santos no
dia 8 de março de 1912, trazendo na bagagem alguns aviões para organizar uma
escola de aviação na região de Guapira, em São Paulo. Ele acompanhou o
desembarque das caixas e providenciou o transporte de um dos aviões até a
praia, onde começou a montar o aparelho Blériot, de 50 HP. Quando terminou,
subiu no avião, ligou o
motor e a máquina deslizou suavemente pela areia antes de sobrevoar a praia do
José Menino. Os curiosos, que se aglomeravam na orla aplaudiram as evoluções do
piloto. Assim, Edu Chaves se tornou o primeiro aviador brasileiro a voar nos
céus do nosso país.
O primeiro voo entre Santos e São Paulo seria no dia seguinte.
Roland Garros teve problemas mecânicos no seu Blériot e o Edu Chaves ofereceu a ele uma peça original do estoque
que trouxera da Europa para o conserto. A prova realizou-se com sucesso no dia
9 de março de 1912 e o monoplano pilotado por Garros pousou na praia onde um
grande público esperava pelos participantes. Na volta para a Capital, Edu
Chaves levou a primeira carta aérea de que se tem notícia, enviada pela firma
de café Antunes dos Santos & Cia. e endereçada a Gabriel Corbusier, de São
Paulo, com o seguinte texto:
“Temos a satisfação de
cumprimentar V. Sa. por intermédio do nosso amigo Eduardo Chaves, arrojado
aviador, que causou assombro à população de Santos, nas suas ascensões, assim
como o notável aviador Sr. Garros. Certos da feliz travessia Santos-São Paulo,
nos regozijamos por tão ousada iniciativa.”
Apesar da neblina, o Bleriot aterrissou com
segurança no Parque Antártica, em São Paulo.
A aviação era uma novidade no
mundo e pilotos de vários países arriscavam-se abrindo as rotas que uniram
cidades e continentes, diminuindo distâncias e aproximando nações. Atravessar a
vastidão do Atlântico num avião era um ato ousadia comparável à dos navegadores
século XVI.
O interesse do santista pela aviação cresceu à medida que a cidade se tornou uma escala estratégica e o tráfego aéreo nas praias de Santos tornou-se constante porque a cidade era uma parada importante nos trajetos que começavam a ser explorados. Assim, não é de admirar que a população festejasse esses pioneiros, que traziam o espírito de aventura para a cidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário