segunda-feira, 5 de setembro de 2022

BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA

O encontro do jovem Príncipe Regente D. Pedro (24) com o aposentado José Bonifácio de Andrade e Silva (59) tornou possível a Independência do Brasil e mudou a história do Brasil. As desavenças políticas, que mais tarde separaram o Imperador do político, não impediram que D. Pedro I escolhesse José Bonifácio para ser o tutor de seu filho Pedro de Alcântara, o futuro imperador. José Bonifácio, formado em Ciências Jurídicas e Filosofia, foi um cientista reconhecido internacionalmente. Fez toda a carreira na Europa onde viveu 37 anos a serviço da Coroa portuguesa e só voltou ao Brasil e para Santos quando se aposentou. 


Após passagem pelo Rio de Janeiro, desembarcou em Santos em dezembro de 1819. A bagagem incluía a biblioteca composta de seis mil livros e uma rara coleção de minerais (uma das maiores da época de acordo com o historiador Jorge Caldeira). As chuvas torrenciais e a beleza da paisagem o impressionaram após tantos anos; as emoções ficaram por conta do reencontro com a mãe octogenária. Logo depois comprou um sítio, onde iniciou a produção agrícola empregando apenas homens livres, e se integrou na vida da cidade e da província (Estado), mas três meses depois já estava na estrada com o irmão Martim Francisco, inspetor de minas de São Paulo, para uma excursão pelo interior do Brasil. E, segundo Jorge Caldeira, possivelmente, são dessa época as “Notas sobre a organização política do Brasil”, nas quais ele pensa “num sistema de poder onde quatro órgãos [...] se encarregariam da condução dos negócios públicos brasileiros, seguindo uma constituição feita pelos deputados eleitos diretamente”.

Em agosto de 1820 começou a Revolução Liberal do Porto. José Bonifácio cuidava da vida, quando em março de 1821 toma conhecimento das “instruções para a formação de um governo local via eleições, além da escolha de deputados para as Cortes de Lisboa, que fariam uma Constituição para todo o reino português”. José Bonifácio percebe a importância do fato para o Brasil e nesse momento começa a nascer o estadista. Em 20 de maio: indicado pelos votantes de Santos e São Vicente para representá-los nas eleições do novo governo paulista e dos deputados que iriam a Lisboa; no dia 25 de julho, foi convidado por uma comissão de eleitores a presidir a reunião, quando indicou as pessoas para ocupar os diversos cargos e com aprovação unanime ficou como vice-presidente. A situação, entretanto, mudou em dezembro, quando as Cortes decidiram extinguir a regência no Brasil, assim como os órgão centrais de administração e os tribunais superiores; os governantes das províncias não mais seriam eleitos, mas indicados pelas Cortes e ordenaram a volta de D. Pedro a Portugal. Um retrocesso que José Bonifácio

José Bonifácio reage imediatamente: no dia 24 de dezembro coordenou o lançamento de um manifesto do governo paulista em que pedia a permanência de D. Pedro. O documento foi enviado para o Rio e para Minas. O príncipe o recebeu no dia 1º de janeiro de 1822, mandou copiar e distribuir pela cidade. Em São Paulo, José Bonifácio colheu assinaturas para uma representação ao regente e com elas partiu para o Rio e, enquanto estava na estrada, D. Pedro anunciou que ficaria no Brasil (9 de janeiro) e tropas portugueses rebeladas contra a decisão do regente foram dominadas.

Quando chegou à capital, José Bonifácio foi levado imediatamente para audiência com o regente. “Saiu da conversa como primeiro ministro brasileiro nomeado por um governante português em 322 anos – e como o político fundamental de um momento crucial.” O historiador Jorge Caldeira afirma que “ele chegava ao cargo com um projeto político claro: montar o que chamava de ‘centro de força e unidade’ no Brasil”. 





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